O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez duras críticas à sua própria legenda, o Partido Liberal, durante uma transmissão no portal Auriverde Brasil nesta quarta-feira (22). Bolsonaro afirmou acreditar que existe "uma dúzia" de "oportunistas" no PL e que espera uma "limpa" na sigla em 2026, ano das próximas eleições. De acordo com ele, esse processo de purificação deveria ocorrer tanto entre os atuais parlamentares quanto entre os possíveis candidatos, a fim de garantir que o partido esteja alinhado com os ideais do futuro do Brasil.
O ex-presidente explicou que, em sua visão, é necessário que os candidatos e os parlamentares, independentemente do partido, tenham um verdadeiro compromisso com o futuro do país. Ele defendeu que não se deve aceitar qualquer comportamento oportunista, especialmente daqueles que buscam apenas vantagens pessoais ou partidárias, sem contribuir para os reais desafios do país. "Nós vamos conversar com esses parlamentares. Vai ter um candidato nosso e outros de outros partidos, o PL não tem o monopólio da virtude", disse Bolsonaro, ressaltando que é preciso abrir espaço para que outras lideranças, de diferentes legendas, possam também contribuir para o futuro político do Brasil.
Além das críticas internas ao PL, o ex-presidente também comentou sobre a sua perspectiva para as eleições de 2026, quando estarão em jogo, além da presidência, as vagas para deputados e senadores. Bolsonaro afirmou que, por mais que o PL tenha uma base sólida, ele não vê sua sigla como única representante dos valores e ideias que defende. Nesse sentido, ele indicou que, durante a campanha eleitoral, será necessário buscar apoio de parlamentares que compartilhem desses mesmos compromissos, ainda que pertencentes a outros partidos. Ele também não descartou a possibilidade de conversar com esses políticos, buscando uma frente comum para enfrentar os desafios eleitorais e políticos do país.
Na mesma entrevista, o ex-presidente expressou frustração por não poder se comunicar com o atual presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Os dois estão impedidos de manter qualquer tipo de contato, inclusive por intermédio de advogados, após uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no contexto da operação Tempus Veritatis. A operação investiga uma organização suspeita de envolvimento em uma tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito no Brasil. O processo gerou um clima de tensão entre Bolsonaro e figuras do seu próprio partido, o que foi motivo de seu lamento durante a entrevista.
Bolsonaro não detalhou muito sobre o conteúdo de suas conversas com Valdemar Costa Neto, mas deixou claro que a relação entre ambos tem se tornado cada vez mais difícil desde o início das investigações. Em relação ao seu futuro político, o ex-presidente pareceu disposto a seguir com suas convicções, mesmo que isso signifique afastar-se de figuras com as quais esteve alinhado no passado. A decisão de não poder se comunicar com Costa Neto é um reflexo das investigações em andamento, mas Bolsonaro insistiu que seu compromisso com o futuro do Brasil permanece intacto e que ele não permitirá que obstáculos jurídicos o impeçam de continuar sua trajetória política.
Ao longo da transmissão, o ex-presidente também se referiu à sua estratégia para as próximas eleições, deixando claro que, apesar dos desafios internos e externos, ele tem a intenção de manter sua relevância no cenário político. Ele ressaltou que, para alcançar seus objetivos, é preciso contar com uma equipe de pessoas comprometidas com seus ideais, sejam elas do PL ou de outros partidos.
O ex-presidente também abordou o cenário político mais amplo e, mais uma vez, defendeu sua visão de que o Brasil precisa de uma liderança forte e comprometida com as necessidades do povo. Em sua fala, Bolsonaro se mostrou otimista quanto ao potencial de renovação política, afirmando que, com o trabalho certo, é possível conquistar a confiança da população nas próximas eleições. Ele afirmou que sua postura será de "dialogar com todos que compartilham desses valores" e reforçou que, no PL, deve ocorrer uma purificação, como um processo de renovação política.
A entrevista deixou claro que, para Bolsonaro, a política de alianças será um dos pontos chave para o sucesso nas eleições de 2026. A estratégia de atrair parlamentares de diferentes siglas para uma causa comum parece ser uma prioridade, assim como a necessidade de fortalecer sua base no PL. No entanto, as tensões internas e os desafios legais que ele enfrenta no momento tornam o futuro político de Bolsonaro incerto, e suas declarações indicam que ele ainda está buscando se reposicionar dentro do cenário político brasileiro, com ênfase em uma renovação ideológica e estratégica.