Atualmente, o ex-presidente enfrenta a inelegibilidade até 2030, após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023. As decisões judiciais que resultaram nessa condição envolvem acusações de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Em um desses processos, Bolsonaro foi condenado por organizar uma reunião com embaixadores estrangeiros durante a campanha de 2022, na qual atacou, sem evidências, a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro. Em outro, a condenação se deu por abuso de poder nas cerimônias do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022, quando o ex-presidente usou o evento para fazer promoção política pessoal.
Embora busque reverter essas condenações e recuperar seus direitos políticos por meio da Justiça, Bolsonaro tem considerado alternativas para o futuro político de sua família e de seu grupo. A mais recente delas é a possibilidade de Michelle Bolsonaro ocupar a cabeça de chapa nas próximas eleições presidenciais. Ele indicou que pesquisas eleitorais, como a do Paraná Pesquisas, mostram que ela já tem expressiva aceitação popular, com números próximos aos do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que a tornaria uma candidata viável para disputar o Planalto.
O ex-presidente afirmou ainda que a popularidade de Michelle pode aumentar ainda mais após a posse de Donald Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos, que assumiu recentemente a presidência novamente. Bolsonaro acredita que a nova política de Trump, particularmente em relação à imigração, terá repercussões positivas para Michelle, cuja imagem pode se fortalecer no cenário internacional, principalmente em um momento de crescente atenção para as questões de imigração e políticas internas dos Estados Unidos.
Em relação ao lançamento de Michelle Bolsonaro como candidata, o ex-presidente se mostrou confortável com a ideia, dizendo que “não teria problemas” em indicá-la para disputar a presidência. Contudo, ele deixou claro que uma condição essencial para que a candidatura de Michelle se tornasse realidade seria garantir o seu próprio espaço no futuro governo, mais especificamente no comando da Casa Civil. O ex-presidente reiterou que, se sua esposa fosse candidata, ele ficaria satisfeito com o papel de ministro da Casa Civil, o que lhe garantiria influência política e continuidade da sua agenda.
Além das questões políticas internas do Brasil, Bolsonaro também comentou sobre a política externa, abordando o tema da imigração ilegal nos Estados Unidos. O ex-presidente se alinhou com a postura de Donald Trump em relação ao fechamento do cerco contra imigrantes ilegais, considerando-a uma medida correta. Para Bolsonaro, qualquer pessoa que esteja nos Estados Unidos de forma ilegal deveria buscar regularizar sua situação. "Trump está fazendo a coisa certa. Nós não temos esse problema aqui", afirmou, referindo-se à ausência de uma crise de imigração ilegal em solo brasileiro. Ele ainda completou, dizendo que, se estivesse no lugar do presidente americano, tomaria as mesmas atitudes.
Essa posição sobre imigração reflete uma das características da política de Bolsonaro durante seu governo, marcada por uma retórica mais rígida em relação à segurança de fronteiras e à legislação sobre imigração. Ao mesmo tempo, o ex-presidente parece querer manter-se alinhado com a visão de Trump, que sempre defendeu uma postura mais restritiva em relação aos imigrantes e à segurança interna dos Estados Unidos.
Com a possibilidade de sua inelegibilidade ser confirmada até 2030, as alternativas para o futuro político de Bolsonaro se tornam cada vez mais relevantes. A candidatura de Michelle à presidência é, portanto, uma estratégia para manter a força política do bolsonarismo, mesmo que o ex-presidente não consiga reverter a sua condenação judicial. No entanto, essa movimentação dependeria da aceitação da população e da capacidade de Bolsonaro de articular uma base política robusta, tanto no Brasil quanto em alianças internacionais, como exemplificado em seu apoio à política de imigração de Donald Trump.
Assim, a cena política brasileira segue em transformação, com o ex-presidente explorando todas as possibilidades para garantir a continuidade de sua influência, seja por meio de sua própria candidatura ou por meio da ascensão de sua esposa à presidência. A proximidade das eleições de 2026 e o desenrolar das batalhas jurídicas de Bolsonaro serão fundamentais para determinar os rumos dessa estratégia.