Governo Lula convoca representante dos EUA após nota pró-Bolsonaro

LIGA DAS NOTÍCIAS

O governo brasileiro decidiu reagir com firmeza à crescente pressão internacional liderada por aliados do ex-presidente Donald Trump e por membros do Partido Republicano dos Estados Unidos em defesa de Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira, 9 de julho de 2025, o Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre uma nota oficial divulgada pela representação diplomática americana em Brasília. A manifestação pública da embaixada norte-americana causou profundo desconforto no Palácio do Planalto e gerou forte reação da diplomacia brasileira.


A nota assinada pela embaixada dos EUA afirmava que Jair Bolsonaro e sua família sempre foram parceiros estratégicos dos Estados Unidos e criticava duramente o que chamou de “perseguição política” contra o ex-presidente, seus familiares e seus apoiadores. A declaração ainda reforçou o posicionamento do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa do aliado brasileiro, e deixou claro que o governo americano está acompanhando de perto os desdobramentos políticos e jurídicos envolvendo Bolsonaro. O tom adotado na comunicação foi considerado inédito e altamente incisivo, sendo interpretado como uma interferência direta em assuntos internos do Brasil.


O Itamaraty classificou a nota como inadequada e incompatível com os padrões diplomáticos tradicionais entre os dois países. Segundo fontes internas, a convocação de Gabriel Escobar tem o objetivo de exigir uma retratação formal e esclarecer os reais objetivos por trás da nota divulgada. O governo Lula vê com preocupação a ampliação do envolvimento de autoridades americanas nos debates jurídicos e políticos em curso no Brasil, especialmente quando as críticas miram diretamente decisões do Supremo Tribunal Federal e do ministro Alexandre de Moraes, que conduz os processos mais sensíveis contra Bolsonaro.


Nos bastidores, o Planalto avalia que a situação diplomática está se tornando cada vez mais delicada. A aproximação de Trump com Bolsonaro é notória, e os recentes movimentos internacionais demonstram que o caso brasileiro ultrapassou as fronteiras e passou a ser observado com atenção pelo cenário geopolítico global. A nota da embaixada foi precedida por manifestações contundentes de membros do Congresso americano, como a congressista Maria Elvira Salazar, que classificou as ações do STF como típicas de regimes autoritários. Para aliados de Lula, essas declarações fazem parte de uma estratégia coordenada para enfraquecer o atual governo e pressionar as instituições brasileiras.


Apesar do tom crítico da nota dos Estados Unidos, a resposta brasileira tenta manter um equilíbrio entre firmeza e diplomacia. O Itamaraty não rompeu canais de diálogo e, até o momento, evita qualquer gesto que possa escalar ainda mais a crise. Contudo, a convocação de Escobar é um recado claro de que o Brasil não aceitará passivamente críticas externas a suas instituições. O encontro com o diplomata americano ocorreu em clima de tensão, mas sem rupturas. Representantes do Ministério das Relações Exteriores reiteraram a independência do Judiciário brasileiro e negaram qualquer tipo de perseguição política, afirmando que os processos contra Bolsonaro seguem os trâmites legais previstos na Constituição.


Nos meios políticos, o episódio repercutiu de maneira polarizada. Parlamentares da base governista defenderam a postura do Itamaraty e acusaram os Estados Unidos de interferência indevida. Já os aliados de Bolsonaro celebraram a manifestação americana como uma vitória simbólica, que mostra que a comunidade internacional começa a enxergar o que consideram abusos cometidos pelo STF e pelo sistema judicial brasileiro. Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente intensificaram as críticas ao governo Lula e exaltaram o apoio de Trump como sinal de esperança e respaldo internacional.


Enquanto isso, o cenário jurídico continua evoluindo. Jair Bolsonaro segue sendo alvo de investigações, e o cerco judicial contra seus aliados mais próximos permanece ativo. A possibilidade de novas sanções internacionais contra figuras do Judiciário brasileiro começa a ser cogitada, sobretudo após a intimação do ministro Alexandre de Moraes pela Justiça da Flórida, em uma ação movida pela Trump Media e pela plataforma Rumble. A ofensiva judicial fora do país tem o potencial de agravar ainda mais o isolamento político do STF e gerar embaraços para a diplomacia brasileira em fóruns internacionais.


A tensão entre Brasil e Estados Unidos, embora ainda limitada ao campo das declarações públicas, aponta para um novo capítulo nas relações bilaterais. O envolvimento direto de Washington em temas tão sensíveis da política brasileira representa um desafio inédito para o governo Lula, que agora se vê diante da difícil missão de equilibrar sua agenda interna com a pressão externa crescente, alimentada por um ex-presidente influente e por setores do establishment americano que seguem alinhados ao bolsonarismo.


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