A Operação Sem Desconto ganhou repercussão nacional por expor um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões vinculados a associações e sindicatos, entre eles o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, entidade da qual Frei Chico é vice-presidente. Marinho acusa Andrei Rodrigues de ter se pronunciado de maneira precipitada e tendenciosa ao comentar o caso em entrevista ao canal ICL Notícias. Durante a conversa, realizada no dia 25 de abril deste ano, o diretor-geral da Polícia Federal afirmou que o Sindnapi e seus gestores não eram alvos da operação, contrariando, segundo o senador, informações que constam em relatórios da própria Polícia Federal e que embasaram decisões judiciais, como a suspensão do acordo de cooperação técnica da entidade com o INSS.
Na entrevista, Andrei respondeu a uma pergunta da jornalista Heloísa Vilela sobre o envolvimento do Sindnapi e de Frei Chico na operação. Em sua resposta, o diretor afirmou que várias entidades e associações estavam sendo investigadas, mas negou que o Sindnapi estivesse entre elas. Ressaltou ainda que o irmão do presidente Lula não era investigado e não era alvo da operação, explicando que o que houve foi um bloqueio judicial dos descontos feitos em contracheques de aposentados, medida que também atingiu dezenas de outras entidades. Para Marinho, essa declaração foi, no mínimo, irresponsável, por tratar de uma investigação em andamento e ainda sob sigilo. O senador argumenta que Andrei Rodrigues, ao fornecer tais informações ao público, ou teve acesso privilegiado a detalhes da investigação que não deveriam ser divulgados ou agiu politicamente para proteger aliados do governo.
Outro ponto levantado na representação é o fato de o Sindnapi ter sido excluído dos pedidos de bloqueio de recursos apresentados pela Advocacia-Geral da União, apesar de a entidade ter arrecadado cerca de 90 milhões de reais apenas no ano de 2023. A AGU informou que o recorte das doze entidades citadas em sua ação cautelar teve como base uma apuração administrativa instaurada pelo INSS, mas deixou claro que poderá adotar novas medidas judiciais caso outros indícios de irregularidade sejam confirmados. Marinho vê nisso mais uma demonstração de tratamento desigual em favor de uma entidade com vínculos próximos ao presidente da República.
O parlamentar considera grave o fato de que a entidade presidida por um parente direto do presidente Lula esteja sendo tratada com tamanha leniência pelas autoridades responsáveis pela apuração das fraudes. Para ele, a fala do diretor da Polícia Federal pode influenciar na percepção pública da investigação e, pior, comprometer a credibilidade da corporação perante a sociedade. Marinho sustenta que o papel da Polícia Federal é apurar com isenção e autonomia, não agir como escudo de proteção a pessoas ligadas ao governo.
A denúncia feita por Rogério Marinho eleva ainda mais a temperatura política em torno das investigações sobre as fraudes no INSS, que já envolvem diversas entidades suspeitas de se aproveitarem de sua relação com o sistema previdenciário para obter vantagens financeiras. A operação revelou como algumas dessas associações firmavam acordos com o INSS para realizar descontos diretos nos benefícios dos segurados, muitas vezes sem o devido consentimento dos mesmos.
Até o momento, nem o diretor da Polícia Federal nem o Palácio do Planalto comentaram a representação protocolada pelo senador. A Comissão de Ética da Presidência também não divulgou se acolherá o pedido para abertura da investigação. Caso avance, o processo pode trazer mais embaraços para o governo Lula, já pressionado por outras denúncias envolvendo aliados e familiares do presidente.
Para a oposição, o caso reforça a necessidade de vigilância sobre o uso da máquina pública e a atuação das autoridades federais em temas sensíveis, especialmente quando há sinais de favorecimento político. Marinho afirma que continuará acompanhando de perto os desdobramentos do caso e promete cobrar responsabilidade daqueles que, segundo ele, utilizam cargos públicos para proteger interesses pessoais e partidários.