A imagem que acompanhava o post mostrava Bolsonaro com uma sonda nasogástrica, em um leito de UTI, em um momento considerado delicado e preocupante por seus aliados e simpatizantes. A publicação causou indignação entre usuários da rede, muitos dos quais consideraram a atitude do jornal desrespeitosa e insensível, dado o estado de saúde do ex-presidente. O conteúdo do texto do Sensacionalista dizia que o intestino de Bolsonaro havia sido “preso” antes mesmo de qualquer ação da Justiça, fazendo uma crítica sarcástica ao cenário político e judicial do país. A matéria ainda mencionava que o problema de saúde teria sido causado por “excesso de popcorn and ice cream”, uma provocação baseada em declarações do próprio Bolsonaro em inglês, quando se referia a ações da Justiça contra vendedores ambulantes presentes na Praça dos Três Poderes no episódio de 8 de janeiro de 2023.
A postagem do jornal provocou uma onda de críticas nas redes sociais e a expressão “Globo lixo” rapidamente entrou nos assuntos mais comentados da manhã. Diante da repercussão negativa, O Globo emitiu uma nota de retratação no próprio perfil, explicando que houve um erro de edição ao compartilhar o conteúdo. Na tentativa de amenizar os danos, o jornal escreveu: “CORREÇÃO: Por um erro de edição, O Globo não identificou como sendo da coluna de humor Sensacionalista um post sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Pedimos desculpas aos leitores”.
No entanto, a explicação não foi considerada suficiente por grande parte do público, que acusou o jornal de parcialidade e falta de profissionalismo. Críticos alegam que a forma como a imagem de Bolsonaro foi usada, sem o devido contexto e em um momento de vulnerabilidade, ultrapassa os limites do humor e do jornalismo responsável. Parlamentares aliados de Bolsonaro também reagiram à publicação, classificando-a como um ataque gratuito e cruel contra um político que, independentemente de opiniões divergentes, merece respeito enquanto enfrenta uma situação de saúde delicada.
Enquanto isso, Bolsonaro segue internado sob cuidados médicos, após passar por um procedimento cirúrgico que durou cerca de 12 horas. Em um vídeo publicado por sua equipe nas redes sociais, ele aparece caminhando lentamente pelo hospital, acompanhado de profissionais da saúde, e agradece o apoio que tem recebido. Na gravação, ele afirmou que sua recuperação é “mais um milagre” e demonstrou otimismo quanto à evolução de seu quadro clínico. A internação do ex-presidente gerou ampla cobertura da mídia, não apenas pelos aspectos médicos, mas também pelo momento político em que ocorre, uma vez que Bolsonaro continua sendo uma figura central no debate público e ainda exerce forte influência sobre a base conservadora do país.
Recentemente, ele declarou apoio ao deputado federal Evair de Melo para uma possível candidatura ao Senado pelo Espírito Santo, o que mostra que, mesmo afastado temporariamente da linha de frente, segue articulando politicamente nos bastidores. O episódio envolvendo o jornal O Globo reacendeu discussões sobre os limites entre humor, jornalismo e sensacionalismo, especialmente quando se trata de figuras públicas em situações de vulnerabilidade. Também evidencia a polarização crescente no país, onde qualquer gesto, publicação ou comentário ganha proporções nacionais, refletindo a tensão permanente entre os diferentes espectros ideológicos.
A repercussão do caso deve se prolongar nos próximos dias, com possíveis desdobramentos tanto no campo político quanto na esfera jurídica. Advogados ligados ao ex-presidente já estariam avaliando medidas legais contra a publicação, considerando o uso indevido de imagem e o possível dano à honra e à dignidade do paciente. O episódio, por fim, expõe mais uma vez como o ambiente digital pode potencializar conflitos e transformar um simples post em crise institucional, em um país onde o debate político segue carregado de emoções, simbolismos e disputas narrativas.