Safatle comentou sobre as divisões internas dentro de seu próprio partido, que se encontra em um momento de grande tensão. De acordo com o militante, a principal disputa dentro do Psol gira em torno do apoio incondicional ou não ao governo Lula. Essa divergência tem gerado um ambiente de discussões acaloradas e até mesmo xingamentos entre os membros da sigla. Atualmente, o Psol está dividido em duas alas, sendo que a ala majoritária, que conta com oito deputados e é liderada por Guilherme Boulos, defende o apoio ao governo federal. Já a ala minoritária, composta por cinco parlamentares, discorda dessa postura e adota uma linha mais crítica, focada em um debate mais ideológico dentro do próprio partido.
Segundo Safatle, o Psol enfrenta problemas estruturais que dificultam a construção de uma alternativa sólida para a esquerda brasileira. Ele afirmou que, no momento, a legenda não consegue resolver seus próprios impasses internos e está longe de conseguir apresentar um projeto alternativo consistente para o futuro do país. Ao falar sobre as dificuldades do partido, Safatle lembrou o fraco desempenho do Psol nas últimas eleições municipais, onde a sigla perdeu cinco prefeituras e viu o número de vereadores eleitos cair de 92 para 80 em todo o Brasil. Esses resultados, de acordo com o militante, refletem uma falta de estratégia e organização dentro do partido, que não tem conseguido se posicionar de forma eficaz diante da direita.
Além de abordar as dificuldades internas do Psol, Safatle também se referiu à situação do governo Lula, que, segundo ele, enfrenta uma crise de popularidade crescente. O militante destacou que a popularidade do presidente vem caindo a cada dia, em parte devido à falta de estratégias eficientes para enfrentar a oposição de direita. Para Safatle, simplesmente apoiar o governo não é suficiente para reverter essa queda. Ele acredita que o governo precisa se engajar em ações mais concretas para garantir uma vitória política real, algo que, até agora, não tem ocorrido de maneira eficaz.
Safatle também mencionou que o Psol precisa ser mais assertivo em sua atuação política, focando em combater a direita e não apenas em disputas internas ou em teses que, segundo ele, não têm relação com as demandas imediatas do povo. Ele criticou o fato de que algumas correntes dentro do partido estão mais preocupadas em “discutir teses de esquerda com convertidos ao partido”, ao invés de se concentrar no verdadeiro adversário político, que é a direita.
Em um cenário mais amplo, a crise no governo Lula e a divisão no Psol refletem um momento de reconfiguração da política brasileira, onde o espectro da esquerda enfrenta dificuldades para se unir e encontrar uma direção clara. A falta de consenso no campo progressista pode ter impactos significativos nas futuras eleições e na capacidade do governo atual de manter a base de apoio necessária para a implementação de suas políticas. Para o Psol, esse racha interno também pode ser um obstáculo para a construção de uma oposição forte e unificada contra os avanços da direita no país.
No entanto, enquanto a situação interna do Psol e a crise no governo Lula continuam a se desenrolar, o que parece claro é que a esquerda brasileira está passando por um momento de grande reavaliação. Com disputas ideológicas, perda de força eleitoral e uma crise de liderança dentro do governo, a capacidade de a esquerda se reorganizar e retomar uma posição de destaque no cenário político nacional está em jogo. Para muitos, as próximas movimentações políticas serão cruciais para determinar o futuro tanto do governo Lula quanto das legendas que compõem a base de apoio ao presidente.