Na manhã do dia 27 de março de 2025, a Câmara dos Deputados foi palco de um momento tenso protagonizado pela deputada Maria do Rosário (PT), que gerou grande repercussão nas redes sociais. Durante um discurso inflamado, ela atacou ferozmente seus adversários políticos, particularmente aqueles que defendem a anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023, episódio que até hoje divide opiniões no Brasil. A deputada, em um tom exaltado, usou a tribuna para criticar aqueles que consideram injusta a repressão dos envolvidos nos protestos que tomaram as ruas em Brasília, em um dia que ficou marcado pela invasão dos prédios dos Três Poderes.
Maria do Rosário, visivelmente alterada, chamou de "vergonha" qualquer tentativa de anistiar os envolvidos nas manifestações, acusando seus opositores de desrespeitarem as vítimas do evento e de atentarem contra a democracia. A deputada petista também fez duras críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal), instituição que tem sido alvo de constantes críticas por sua postura em relação ao episódio e à atuação de seus ministros durante os processos judiciais que envolveram os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
O clima na Casa ficou ainda mais tenso quando o deputado Marcel van Hattem (PP-RS) se posicionou, rebatendo as acusações de Maria do Rosário. Em um discurso contundente, o parlamentar defendeu o direito à anistia para os cidadãos que, segundo ele, estariam sendo perseguidos injustamente pelo governo e pelo STF. Van Hattem afirmou que, enquanto os manifestantes estão sendo condenados a penas severas, muitos criminosos de fato estão sendo tratados de maneira mais branda, o que, segundo ele, demonstra uma grave distorção da justiça no Brasil. O deputado enfatizou que a Câmara dos Deputados deve ser o local onde se debate a verdade, e que a anistia deve ser um passo para corrigir injustiças que, na visão dele, estão sendo cometidas contra pessoas que apenas exerceram seu direito de protestar.
Em um momento de forte embate, van Hattem fez questão de destacar que não permitiria o desrespeito àqueles que, segundo ele, foram vítimas de um "sistema" que, na sua visão, busca ocultar a realidade dos acontecimentos de 2022. O parlamentar também reafirmou seu compromisso com o projeto de anistia e com a criação de uma CPI do Abuso de Autoridade, com o objetivo de investigar eventuais abusos cometidos pelos ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, é preciso apurar possíveis excessos no tratamento dado aos envolvidos nos protestos e a atuação das autoridades judiciais em relação ao caso.
Essa troca de acusações e discursos inflamados se deu no contexto de um crescente debate sobre o episódio de 8 de janeiro, que continua a polarizar o Brasil. Enquanto o governo e seus aliados defendem a necessidade de punir severamente os responsáveis pela invasão, outros setores da sociedade, incluindo alguns parlamentares, questionam a intensidade das penas e a seletividade da justiça brasileira. Para muitos, a discussão vai além dos atos em si, tratando-se de uma questão maior sobre o estado de direito e os limites do poder judiciário no Brasil.
O episódio também trouxe à tona uma reflexão sobre o papel das instituições e a crescente desconfiança que parte da população tem em relação aos órgãos que deveriam garantir a ordem e a justiça. Nos últimos meses, o impeachment de Alexandre de Moraes, um dos ministros mais polêmicos do STF, ganhou força entre alguns setores da política e da sociedade, como forma de contestar a atuação do tribunal durante o processo de julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A criação de uma CPI para investigar abusos de autoridade também tem sido defendida como uma forma de fazer frente ao que muitos consideram ser uma postura autoritária por parte de algumas autoridades.
Nas redes sociais, a discussão sobre a anistia e o papel do STF gerou uma divisão acentuada entre os internautas. Para alguns, a proposta de anistia é uma maneira de corrigir abusos cometidos contra cidadãos comuns, enquanto para outros, trata-se de um risco à segurança jurídica e à preservação da ordem democrática. A troca de farpas entre Maria do Rosário e Marcel van Hattem reflete bem a polarização do debate e os desafios enfrentados pela sociedade brasileira para encontrar um consenso em questões que envolvem a democracia e a liberdade de expressão.
Essa situação coloca em evidência a difícil convivência entre diferentes visões políticas e os limites da atuação das instituições. O que se vê é uma crescente tensão entre o Legislativo, o Judiciário e a sociedade, com temas polêmicos como o 8 de janeiro ainda em pauta, e a busca por respostas sobre os reais responsáveis pelos acontecimentos de Brasília em 2023. Enquanto isso, a busca por justiça e a tentativa de defender os direitos individuais seguem sendo os principais pontos de discussão no cenário político nacional.