A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) deu um passo significativo no cenário político brasileiro ao apresentar um pedido formal à Procuradoria-Geral da República (PGR), solicitando a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a imposição de medidas restritivas, como a suspensão de suas redes sociais. A medida foi tomada após Bolsonaro se envolver em um evento político em Copacabana, no Rio de Janeiro, no qual defendeu a anistia para os envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, evento que resultou em invasões violentas de prédios públicos, incluindo o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.
A atitude de Duda Salabert eleva o debate sobre a estabilidade da democracia brasileira, a liberdade de expressão e os limites da atuação de ex-presidentes em um cenário de polarização política acentuada. A solicitação da deputada não é apenas uma medida legal, mas também uma tentativa de confrontar publicamente o ex-presidente e suas alegações de perseguição política. De acordo com Salabert, as falas de Bolsonaro, ao pedir anistia para os responsáveis pelos ataques de janeiro, representam um sério risco para a confiança nas instituições democráticas do Brasil.
A principal argumentação da deputada é que Bolsonaro, ao se solidarizar com os agressores e reforçar a narrativa de que houve uma perseguição política contra ele e seus apoiadores, estaria fomentando um clima de desestabilização política e institucional. Para Salabert, as palavras do ex-presidente podem estimular a radicalização de setores descontentes com o atual governo e, consequentemente, colocar em risco a ordem democrática no país. A deputada alerta que esse tipo de discurso alimenta uma visão distorcida dos processos eleitorais e das instituições, favorecendo a criação de um ambiente propenso à violência política.
No pedido apresentado à PGR, Duda Salabert também fez questão de incluir medidas mais severas, como a prisão preventiva de Bolsonaro. Segundo a parlamentar, a manutenção da liberdade de Bolsonaro representa um perigo para a ordem pública, principalmente devido à sua capacidade de influenciar um grande número de seguidores. Além disso, Salabert solicita que o ex-presidente tenha suas redes sociais suspensas, alegando que as plataformas de comunicação são utilizadas por Bolsonaro para disseminar informações falsas, inflamadas e que incitam a desconfiança nas instituições do país. Também foi sugerida a proibição de sua participação em eventos públicos, especialmente aqueles que possam servir de palanque para discursos antidemocráticos.
Essa postura de Salabert reflete uma estratégia para conter a influência política de Bolsonaro, o que é visto como uma medida para evitar a continuidade da polarização extrema e a possível repetição de episódios de violência política, como o observado em 8 de janeiro. Contudo, a solicitação de medidas tão drásticas levanta questões sobre a linha tênue entre a liberdade de expressão e a necessidade de preservar a segurança e a estabilidade da democracia.
A reação de Bolsonaro não demorou a acontecer. Durante o evento de Copacabana, onde ele fez as declarações sobre a anistia, o ex-presidente fez um pronunciamento no qual se defendeu veementemente, negando ter qualquer ambição de retomar o poder. Bolsonaro reafirmou seu compromisso com o Brasil e criticou duramente o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, além de direcionar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, que é um dos responsáveis pelos julgamentos envolvendo figuras do bolsonarismo. Em sua fala, Bolsonaro manteve a narrativa de que seria vítima de uma perseguição política, com base em uma conspiração ideológica contra ele e seus apoiadores. Ele afirmou que as acusações e processos contra ele são uma tentativa de silenciar sua base de apoio e enfraquecer sua imagem política.
Essa troca de acusações e estratégias políticas levanta importantes discussões sobre os limites da atuação de figuras públicas após deixarem o cargo, principalmente em um país que atravessa uma crise de polarização política e desconfiança nas instituições. O impacto da declaração de Bolsonaro em Copacabana, e a reação de figuras como Duda Salabert, sublinham a relevância dos discursos políticos no momento atual, em que muitas pessoas se sentem representadas ou ameaçadas por essas palavras. A preocupação com a radicalização e com as possíveis consequências dessas declarações para a segurança pública e a integridade das instituições democráticas está no centro dessa disputa.
Por enquanto, a Procuradoria-Geral da República deve analisar o pedido da deputada Salabert e determinar se o caso justifica investigações mais aprofundadas. A situação cria um cenário de intensificação da polarização política, com figuras que antes estavam mais à margem do debate nacional ganhando protagonismo, enquanto o ex-presidente segue firme na sua posição de oposição ao governo atual e às decisões do sistema judiciário. Em meio a esse embate, a sociedade brasileira observa com atenção o desenrolar dos acontecimentos e as consequências para o futuro político do país.