O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, iniciado nesta terça-feira, 25 de março, no Supremo Tribunal Federal (STF), foi motivo de uma forte reação por parte de diversas autoridades políticas, incluindo o deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES). Em uma entrevista ao Jornal da Oeste, o parlamentar classificou o processo como uma “maldita inquisição” e uma “avacalhação”, denunciando que ele representa uma mancha na história da Suprema Corte brasileira.
O julgamento trata da suposta tentativa de golpe de Estado por parte de Bolsonaro e de seus aliados mais próximos. A primeira turma do STF começou a analisar o caso, com a presença de Bolsonaro, seu ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, entre outros, acusados de envolvimento em um suposto plano de subverter a ordem democrática. Para o deputado Evair, o que se vê é uma clara orquestração entre os ministros do Supremo para condenar os acusados, destacando um suposto deboche da parte dos magistrados durante o julgamento.
Evair de Melo mencionou especificamente a postura do presidente da 1ª Turma, Cristiano Zanin, que chamou os acusados de “réus” durante o decorrer da sessão. O episódio gerou polêmica, já que, de acordo com o deputado, esse tratamento demonstrou uma parcialidade evidente. “Os advogados não tiveram a mínima condição de fazer uma defesa técnica. A forma como a sessão transcorreu foi claramente desfavorável aos acusados”, afirmou o parlamentar, apontando a postura do STF como um fator de distorção do processo judicial.
Durante a mesma sessão, o ministro Zanin se referiu aos acusados como “réus” ao ler o relatório sobre a questão de ordem levantada pelo advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, que tentava permitir que Mauro Cid, colaborador do ex-presidente, se manifestasse antes dos outros acusados. O episódio gerou reações nas redes sociais, como a da deputada Caroline De Toni (PL-SC), que questionou se o uso do termo “réu” não seria um indício do veredito que se aproximava.
Por outro lado, a defesa de Bolsonaro negou que o ex-presidente tivesse qualquer envolvimento em um suposto golpe. O advogado Celso Vilardi, durante sua sustentação oral, reafirmou que Bolsonaro foi o presidente mais investigado da história do país, mas que, até o momento, não havia sido comprovada qualquer ação ilícita por parte dele. A defesa sustentou que as acusações são infundadas e não têm base suficiente para resultar em uma condenação.
O julgamento, que promete ser um marco importante na política brasileira, continua gerando reações acaloradas. Enquanto a defesa de Bolsonaro nega as acusações e questiona a imparcialidade do STF, opositores de Bolsonaro, como o deputado Evair, denunciam o que consideram ser um julgamento político e parcial, algo que, na visão deles, comprometeria a credibilidade da mais alta corte do país. A sessão de terça-feira, por sua vez, foi apenas o início de um processo que promete reverberar por meses e pode ter implicações profundas para o futuro político de Bolsonaro e seus aliados.