O ocorrido que motivou a ação foi um incidente registrado na véspera do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Na ocasião, Zambelli foi flagrada em uma situação de tensão, armada e perseguindo o jornalista Luan Araújo, após ser alvo de ataques. A cena foi amplamente discutida na mídia e nas redes sociais, gerando um clima de indignação, principalmente devido à violência implícita no comportamento da deputada. Além disso, Zambelli foi vista em um estado alterado, aparentemente embriagada, o que contribuiu para a gravidade do episódio.
A decisão da maioria dos ministros do STF é um reflexo da seriedade com que o tribunal tem tratado as ações de figuras públicas que se envolvem em condutas que afetam a ordem pública. Além de Toffoli, o relator Gilmar Mendes, a ministra Cármen Lúcia, os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin também se posicionaram pela condenação da deputada. Gilmar Mendes, em seu parecer, sugeriu uma pena de cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto, além da perda do mandato de Zambelli, caso a decisão transite em julgado. A continuidade do julgamento fica, no entanto, pendente dos votos dos ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux, André Mendonça e Nunes Marques, que pediu mais tempo para estudar o caso.
A deputada Carla Zambelli, por sua vez, tem se manifestado publicamente sobre o processo e a situação que enfrenta. Recentemente, ela afirmou que se sente abandonada por Jair Bolsonaro, ex-presidente com quem manteve uma relação estreita durante o período de sua gestão. Em uma declaração contundente, Zambelli afirmou que tanto ela quanto outras pessoas perderam o apoio de Bolsonaro em momentos em que mais precisavam, o que tem gerado um clima de tensão entre aliados de Bolsonaro e outros membros do PL.
O caso de Zambelli também está inserido em um contexto mais amplo de perseguições políticas no Brasil, no qual a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro continua sendo central. A defesa de Zambelli tem buscado associar sua condenação a um movimento maior de repressão contra os aliados do ex-presidente e à busca por silenciar aqueles que se opõem ao atual governo. Um dos maiores pontos de controvérsia gira em torno do livro "O Fantasma do Alvorada - A Volta à Cena do Crime", uma obra que foi lançada com o objetivo de narrar os bastidores das eleições de 2022, as ações que levaram ao retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder e as supostas manobras da esquerda para desacreditar a administração de Bolsonaro.
Este livro, segundo seus defensores, tem sido alvo de tentativas de censura devido ao seu conteúdo polêmico e à forma como descreve os eventos que marcaram o período eleitoral de 2022. De acordo com seus autores, a obra expõe as estratégias da mídia, as prisões de aliados de Bolsonaro, as manobras para manipular a opinião pública e os episódios de censura e perseguição política. Embora o livro tenha sido considerado por alguns como um relato histórico importante, outros o veem como uma tentativa de criar uma narrativa de vitimização para o ex-presidente.
Diante disso, o julgamento de Carla Zambelli e a condenação de outros aliados de Bolsonaro se insere em uma dinâmica política e jurídica carregada de simbolismos. A decisão do STF sobre o caso pode não apenas determinar o futuro da deputada, mas também influenciar o clima político em um ano de tensões, com vistas às próximas eleições. A perseguição política contra figuras de direita, segundo seus defensores, continua sendo um tema central no debate sobre a democracia e a liberdade de expressão no Brasil.
Enquanto o julgamento de Zambelli segue seu curso, o país acompanha com atenção os desdobramentos dessa história, que envolve questões políticas, jurídicas e pessoais de figuras importantes do cenário brasileiro. O desfecho do caso terá repercussões não apenas para a deputada, mas também para a política nacional como um todo, sinalizando o que pode ser o futuro das disputas eleitorais e das liberdades políticas no Brasil.