O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se posicionar contra as medidas protecionistas dos Estados Unidos, afirmando que o Brasil responderá caso a taxação do aço brasileiro seja confirmada pelo governo de Donald Trump. Durante uma entrevista à rádio Clube do Pará, Lula afirmou que o país poderá tanto recorrer à Organização Mundial do Comércio quanto estabelecer tarifas sobre produtos americanos em uma ação de reciprocidade. O posicionamento do presidente brasileiro surge após o anúncio de novas tarifas sobre importações de aço e alumínio, uma estratégia adotada por Trump para fortalecer a economia norte-americana e proteger sua indústria local.
Lula ressaltou que sua intenção é manter uma relação harmoniosa com os Estados Unidos, mas destacou que o Brasil não aceitará medidas unilaterais sem resposta. Ele reforçou que o país busca estabilidade comercial e que a imposição de tarifas por parte dos EUA seria encarada como uma afronta ao comércio justo. O presidente brasileiro enfatizou que a reciprocidade é um princípio fundamental das relações internacionais e que, caso o aço brasileiro seja penalizado, produtos norte-americanos também poderão sofrer restrições no mercado nacional.
Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro deste ano, Trump tem adotado uma postura agressiva na política comercial, priorizando a proteção da economia americana. Além da taxação do aço e do alumínio, o governo norte-americano anunciou tarifas sobre importações vindas do México, do Canadá e da China. No caso do Brasil, a taxação de 25% sobre o aço tem gerado preocupação no setor industrial, uma vez que o país é um dos principais exportadores desse produto para os Estados Unidos.
A estratégia de Trump não é inédita. Durante seu primeiro mandato, o republicano já havia adotado medidas semelhantes, desencadeando tensões comerciais com diversos países. No entanto, agora, o impacto pode ser ainda maior, uma vez que a economia global ainda enfrenta os desafios da recuperação pós-pandemia. Especialistas avaliam que uma eventual retaliação por parte do Brasil pode levar a um efeito cascata, com outros países também buscando alternativas para proteger seus interesses.
O mercado financeiro reagiu às declarações de Lula, e setores ligados à exportação de aço monitoram de perto os desdobramentos das negociações entre os dois países. Empresários do setor já manifestaram preocupação com os impactos das novas tarifas e buscam um diálogo com o governo para minimizar possíveis prejuízos. Enquanto isso, economistas alertam que uma guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos pode gerar consequências negativas para ambos os lados, afetando o fluxo comercial e aumentando os custos de produção.
Outro ponto de tensão entre os dois países envolve a taxação do etanol. Trump assinou recentemente um decreto que estabelece a reciprocidade de tarifas para países que impõem taxas sobre produtos norte-americanos. No documento, o governo dos EUA menciona que a tarifa sobre o etanol importado dos Estados Unidos pelo Brasil é de 18%, enquanto a tarifa norte-americana para o mesmo produto brasileiro é de apenas 2,5%. Com essa justificativa, o governo Trump defende que as novas medidas são uma forma de equilibrar as relações comerciais e corrigir o que considera uma disparidade nas taxações.
A decisão do presidente norte-americano de impor novas tarifas tem sido criticada por setores industriais de diversos países, que argumentam que tais políticas dificultam a competitividade e prejudicam as relações comerciais de longo prazo. O Brasil, por sua vez, tenta se posicionar estrategicamente para evitar maiores impactos econômicos. O governo de Lula tem buscado reforçar sua presença no cenário internacional e fortalecer acordos comerciais com outros países para reduzir a dependência do mercado norte-americano.
Além do contexto econômico, a visita de Lula ao Pará para acompanhar as obras da COP30 também reforça o compromisso do Brasil com pautas ambientais e sustentáveis. O presidente tem utilizado eventos internacionais para destacar a importância da preservação da Amazônia e da transição para uma economia verde. Essa abordagem pode ser um fator determinante nas futuras negociações comerciais do Brasil, principalmente com países que valorizam políticas ambientais na definição de seus parceiros comerciais.
O cenário global segue marcado por desafios diplomáticos e econômicos, e a relação entre Brasil e Estados Unidos tende a ser um dos pontos centrais das discussões comerciais nos próximos meses. Enquanto o governo brasileiro avalia as medidas a serem tomadas, o setor empresarial aguarda com expectativa os desdobramentos dessa disputa tarifária. Lula deixou claro que o Brasil não aceitará passivamente qualquer medida que prejudique sua economia, sinalizando que a resposta do país será firme caso as taxações sejam implementadas.