O PL da Anistia tem gerado um intenso debate no cenário político. O projeto, que tramita atualmente no Congresso, visa conceder perdão a todos os envolvidos nos atos antidemocráticos daquele dia, incluindo manifestantes, apoiadores financeiros e logísticos, além daqueles que participaram de manifestações políticas relacionadas aos eventos. O texto do projeto é relatado pelo deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), que explica que a anistia se estenderia também a quem tenha contribuído de alguma forma com a organização ou apoio aos atos de janeiro, seja com doações, logística, publicações em redes sociais ou outros meios.
A proposta gerou uma polarização política, com uma parte do Congresso apoiando a medida como uma forma de pacificação e outra se opondo, argumentando que a anistia seria uma forma de impunidade para ações antidemocráticas que atentaram contra o sistema político brasileiro. A tramitação do projeto, inicialmente retirada de análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em outubro de 2024, segue sem avanços definitivos, já que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), optou por criar uma comissão especial para discutir o tema, o que acabou adiando a votação.
O levantamento também revelou dados interessantes sobre a confiança da população nas instituições de segurança pública. A Polícia Federal (PF) obteve a maior taxa de confiança entre as instituições analisadas, com 53% dos entrevistados se declarando confiantes nas ações da corporação. A PF tem se destacado no combate à corrupção e ao crime organizado no Brasil, o que reflete positivamente na percepção pública sobre o trabalho da instituição.
Em seguida, vem a Polícia Militar (PM), com 50% de aprovação, seguida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que obteve 49%. A Polícia Civil ocupa a quarta posição, com 48%. Estes números contrastam com os dados sobre as Forças Armadas, que enfrentam uma significativa desconfiança da população. Segundo a pesquisa, 72% dos brasileiros não confiam nas Forças Armadas, que incluem o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, demonstrando uma crescente insatisfação com as instituições militares.
Por outro lado, o Congresso Nacional é a instituição que enfrenta o maior índice de desconfiança entre os brasileiros, com 82% dos entrevistados manifestando descrença na atuação dos parlamentares. Apenas 9% confiam no poder legislativo, o que evidencia o desgaste da classe política no Brasil.
A pesquisa Atlas também abordou outros temas que geram discussões no país. Em relação ao projeto de anistia, o levantamento mostrou que, apesar da aprovação majoritária entre os entrevistados, há um equilíbrio entre aqueles que apoiam e aqueles que se opõem à proposta, com 51% favoráveis e 49% contrários. Além disso, o corte de gastos foi uma das propostas mais populares, com 54% dos entrevistados se declarando a favor dessa medida, o que indica uma preocupação com a situação fiscal do país.
O PL da Anistia, portanto, segue sendo um dos temas centrais na agenda política brasileira. Enquanto a proposta avança no Congresso, com discussões sobre a legitimidade e a necessidade de uma possível reconciliação nacional, a opinião pública parece estar dividida, refletindo as tensões políticas e sociais geradas pelos eventos de 8 de janeiro. A proposta também serve de palco para um embate político entre diferentes segmentos da sociedade, que se posicionam de forma antagônica sobre o que seria mais adequado para o Brasil seguir adiante após os eventos que marcaram o início de 2023.