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A Presidência da República desembolsou pelo menos R$ 24 mil para custear as diárias de quatro assessores da primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, durante uma viagem a Roma. A comitiva acompanhou Janja na reunião de governança do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), que ocorreu entre os dias 10 e 12 de fevereiro na capital italiana. O montante cobre exclusivamente os valores pagos aos auxiliares e não inclui passagens aéreas ou hospedagem, cujos custos ainda não foram divulgados.
Os beneficiários das diárias foram Claudio Adão Souza, Taynara Cunha, Edson Pinto e Julia Silva, todos funcionários da Presidência da República. Cada um deles recebeu R$ 6 mil, correspondentes a 2,5 diárias internacionais. O afastamento desses servidores foi autorizado entre os dias 9 e 14 de fevereiro, período em que estiveram a serviço no exterior. Apesar dos questionamentos, a Presidência não detalhou os gastos totais da viagem e direcionou a demanda para a equipe da primeira-dama, que não respondeu aos pedidos de esclarecimento.
A participação de Janja no evento foi viabilizada por um convite do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. De acordo com a legislação, a primeira-dama só pode representar oficialmente o governo brasileiro em missões internacionais se for formalmente convidada por uma autoridade competente. O Ministério do Desenvolvimento Social informou que as despesas da comitiva estarão disponíveis no Diário Oficial da União, mas não especificou uma data para a publicação.
A escolha de Janja como representante do Brasil no evento do FIDA gerou questionamentos sobre sua atuação no governo e os critérios adotados para sua participação em agendas internacionais. O Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo convite, alegou que a equipe da primeira-dama estaria mais apta a esclarecer a razão de sua designação para o evento. Essa falta de informações detalhadas alimenta um debate sobre a transparência de sua atuação e os recursos públicos destinados a suas atividades.
Além de participar da reunião do FIDA, Janja tem compromissos adicionais na Itália. Está prevista uma audiência com o papa Francisco nesta quarta-feira, além de um encontro com a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, uma agência da ONU. O retorno ao Brasil está programado para quinta-feira. A viagem acontece em meio a um momento em que a primeira-dama tem ampliado sua presença em eventos nacionais e internacionais, consolidando sua influência dentro do governo.
No início deste mês, Janja passou a divulgar sua agenda institucional em sua conta no Instagram, após críticas sobre a falta de transparência em relação às suas atividades oficiais. Essa cobrança por maior clareza se intensificou desde 2023, especialmente pelo fato de a primeira-dama despachar diariamente no Palácio do Planalto e participar ativamente de reuniões políticas do Executivo. Embora não ocupe um cargo formal no governo, sua atuação e os recursos públicos utilizados em suas viagens têm sido alvo de questionamentos recorrentes.
A falta de divulgação detalhada dos gastos relacionados às atividades de Janja é um dos pontos que geram polêmica. Em uma ocasião anterior, o governo federal recusou-se a informar, mesmo após sucessivas solicitações via Lei de Acesso à Informação, os custos e o local de hospedagem da primeira-dama durante uma viagem a Nova York. Naquela ocasião, Janja acompanhou a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres na 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU.
Nos próximos meses, Janja deve concentrar sua atuação em duas frentes principais: a organização de eventos sociais da COP30, conferência climática da ONU que será realizada no Brasil, e a participação na Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa lançada no encontro do G20. Em novembro de 2024, quando o presidente Lula anunciou oficialmente a Aliança Global, a primeira-dama organizou um festival cultural e social no Rio de Janeiro, que ficou popularmente conhecido como "Janjapalooza".
A crescente participação da primeira-dama na agenda governamental levanta discussões sobre o papel institucional que ocupa e o uso de recursos públicos para custear suas atividades. O sigilo em torno de algumas dessas despesas tem sido alvo de críticas e levantado questionamentos sobre os critérios utilizados pelo governo para justificar gastos com viagens e assessores. Enquanto isso, a oposição e parte da sociedade continuam cobrando mais transparência sobre a atuação de Janja e os investimentos feitos em sua estrutura de trabalho.