Em suas reuniões, Eduardo Bolsonaro se encontrou com congressistas e representantes do Departamento de Estado, órgão responsável por questões internacionais. Durante os encontros, o deputado procurou alinhar uma estratégia que possibilitasse a aplicação de sanções contra Moraes, especialmente relacionadas a ações que ele considera prejudiciais à democracia e à liberdade de expressão no Brasil. Entre os exemplos citados, Eduardo mencionou a ordem de Moraes para a suspensão da plataforma X, que considera uma violação dos direitos fundamentais de comunicação.
Em uma entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, o deputado destacou que está buscando o apoio de pessoas influentes que compartilham do interesse em questões latino-americanas, como a preservação das liberdades individuais e a resistência ao ativismo judicial. "Estamos indo nas pessoas certas, que têm um interesse nessas pautas da América Latina, de liberdade de expressão, de preservação das liberdades, contra o ativismo judicial", afirmou Eduardo, ressaltando que as autoridades americanas com as quais tem se reunido possuem acesso direto às decisões mais importantes do governo dos Estados Unidos.
O deputado também espera que, caso haja sanções impostas a Moraes, como a revogação de seu visto de entrada nos Estados Unidos, isso provoque uma reação positiva no STF, afetando a imagem do ministro e sua postura em decisões relacionadas à liberdade de expressão. A estratégia, segundo ele, é parte de um movimento mais amplo que visa questionar as ações de Moraes no contexto da política e da judicialização das questões brasileiras.
Uma das principais iniciativas que pode ser usada como base para essa pressão externa foi apresentada na semana passada pela republicana Maria Elvira Salazar, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Ela apresentou um projeto de lei que visa cassar o visto de autoridades estrangeiras que cometam violações à liberdade de expressão, com base na Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos. O projeto busca se aplicar a figuras como Moraes, que, segundo críticos, tomaram decisões de censura que poderiam justificar a revogação de sua permissão para entrar no país.
Eduardo Bolsonaro se mostrou otimista com a possibilidade de que a decisão de Moraes sobre a plataforma X, que suspendeu o acesso ao serviço de mídia social, seja enquadrada dentro desse projeto de lei. "Imagina um ministro da Suprema Corte sendo sancionado por uma questão de censura falar sobre liberdade de expressão em Paris, Londres ou Berlim. Isso certamente será um golpe em sua imagem", afirmou o parlamentar brasileiro.
Além disso, a oposição brasileira tem se mostrado cada vez mais atenta à questão e se uniu a uma ação judicial iniciada por plataformas como Truth Social e Rumble contra o ministro do STF. Essas plataformas têm argumentado que as decisões de Moraes são ilegais e constituem uma forma de censura. O advogado da Rumble, Martin de Luca, mencionou em entrevista à CNN Brasil que Moraes ignorou várias vias legais para solicitar o cumprimento de uma ordem judicial brasileira nos Estados Unidos. De Luca afirmou que o ministro tentou recrutar antigos advogados da plataforma para que estes recebessem mandados secretos, algo que ele considera uma violação dos procedimentos legais.
Para os opositores, essas ações são vistas como mais uma evidência do abuso de poder por parte de Moraes, que tem sido criticado por sua postura mais interventora nas questões políticas do país. A esperança é que a pressão internacional, através de ações jurídicas e políticas, consiga gerar mudanças na maneira como o STF atua, especialmente em relação à liberdade de expressão e à autonomia das plataformas de mídia social.
A situação reflete um cenário de crescente polarização política no Brasil, com disputas intensas sobre a liberdade de imprensa e os limites da atuação do Judiciário. As ações de Eduardo Bolsonaro, junto com o apoio de figuras políticas dos Estados Unidos, podem indicar uma tendência de internacionalização da crise política interna do Brasil, com impactos potenciais para as relações diplomáticas entre os dois países.