Lula: para derrotar meu governo vai ter que aprender a fazer luta de rua

Caio Tomahawk

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou mais uma vez a propagação de notícias falsas sobre o seu governo, abordando o tema durante uma entrevista no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (30). Segundo Lula, a disseminação de mentiras na internet se tornou uma prática fácil, mas ele ressaltou que enfrentar a realidade e dialogar com a população nas ruas é uma tarefa muito mais desafiadora. Ele afirmou que aqueles que querem combater sua administração precisam aprender a realizar “a luta de rua”, já que as fake news são uma forma simples de atingir o público virtual.

“Quem quiser derrotar a política do meu governo vai ter que aprender a fazer luta de rua, porque é mais fácil na internet mentindo. Agora, é muito difícil ter coragem de ir à rua conversar com o povo e discutir com o povo as coisas que estão acontecendo no país. Esse é meu tipo de governar e fazer com que as coisas deem certo no Brasil”, declarou o presidente.

Lula também foi enfático ao afirmar que a democracia seria a principal vítima de um possível crescimento da extrema direita e da propagação de notícias falsas. Para ele, a manipulação de informações nas redes sociais e a polarização gerada por esses conteúdos representam uma ameaça ao processo democrático e ao futuro do país. O presidente afirmou que o governo fará todo o possível para combater esse cenário e reforçou sua intenção de dialogar mais com a imprensa para desmentir as mentiras que, segundo ele, são espalhadas constantemente.

Em relação a sua gestão, Lula se mostrou otimista, destacando que está convencido de que o governo terminará seu mandato em uma situação muito positiva. Ele também fez questão de enfatizar que está completamente recuperado de problemas de saúde e que está pronto para viajar por todo o Brasil, buscando estabelecer um contato mais próximo com a população. “Estou 100% recuperado e pronto para ir às ruas, para realizar viagens pelo país e visitar a sociedade brasileira, estabelecer uma conversa muito verdadeira”, afirmou o presidente.

As declarações do presidente aconteceram em meio a um momento de tensão política, logo após a crise gerada pelo Pix, um sistema de pagamento eletrônico do governo que afetou negativamente a imagem da administração. De acordo com aliados de Lula, essa crise foi um dos fatores responsáveis pela queda na aprovação do governo, que, segundo uma pesquisa Genial/Quaest divulgada na segunda-feira (27), registrou uma queda de cinco pontos percentuais no mês de janeiro, alcançando 47%. Esse é um número considerável, pois, pela primeira vez desde o início da série histórica da pesquisa, a desaprovação do governo superou a aprovação, com 49% dos entrevistados manifestando insatisfação com a gestão atual.

A pesquisa também indicou que o apoio ao governo está diminuindo, o que preocupa o Planalto, especialmente considerando o contexto político tenso no qual o país se encontra. A polarização política, alimentada tanto por críticos quanto por apoiadores do governo, tem gerado um ambiente de incerteza, o que reflete diretamente na opinião pública. O crescimento de narrativas que distorcem a realidade e a busca por culpados em momentos de crise, como o ocorrido com o Pix, são fatores que agravam ainda mais essa situação.

Lula, entretanto, demonstrou confiança de que essa fase de instabilidade será superada. O presidente acredita que, com o tempo e com a continuidade de suas políticas, o governo conquistará a confiança da população novamente. Além disso, ele considera que o fortalecimento do diálogo com a sociedade e a mídia é uma das estratégias fundamentais para reverter a desinformação e reestabelecer a credibilidade do governo.

A crise política envolvendo o sistema de pagamentos também é um reflexo de um cenário mais amplo, no qual a instabilidade econômica e a polarização política geram um caldo de frustrações que se refletem nas pesquisas de opinião. Lula tem buscado alternativas para tentar mitigar os impactos desse cenário, promovendo uma aproximação maior com setores que se distanciaram do governo, especialmente os da mídia, que desempenham um papel crucial na formação da opinião pública.

Apesar das dificuldades, o presidente afirmou que seguirá trabalhando para promover os avanços que considera necessários para o Brasil. Seu discurso de otimismo se mantém firme, e a expectativa é que o governo busque caminhos para amenizar as crises e reforçar a confiança da população, tanto no seu governo quanto na democracia brasileira como um todo. No entanto, os próximos meses devem ser desafiadores, pois o ambiente político e econômico do país continuará sendo influenciado por fatores internos e externos, com as fake news e a radicalização política se tornando questões ainda mais centrais no debate público.

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