Fabiano explicou que a privatização não foi bem-sucedida em melhorar a eficiência da empresa, pelo contrário, ela levou ao sucateamento da infraestrutura. Ele apontou que, durante o período em que a privatização foi debatida, não houve investimentos suficientes em tecnologias e inovações essenciais para o bom funcionamento dos Correios. A falta de modernização tecnológica resultou em uma operação deficiente, o que, segundo ele, tem um custo alto e reflete diretamente nos resultados financeiros da empresa. "Grandes empresas estão investindo em robotização das operações, na modernização do seu parque tecnológico, e isso é vital para uma empresa como os Correios", afirmou. Ele ainda ressaltou que a atual gestão está trabalhando para reverter esse quadro e inovar os processos da empresa, apesar do cenário adverso.
Outro fator que influenciou os resultados negativos foi a implementação da taxação sobre o comércio eletrônico internacional, o que afetou diretamente as operações dos Correios. A medida foi instituída em 2023 e, de acordo com o presidente da estatal, teve um impacto financeiro significativo. O programa visava certificar empresas de e-commerce e estabelecer um sistema diferenciado de tributação para as compras internacionais. Fabiano explicou que isso resultou em custos extras para os Correios, além de uma maior carga de precatórios oriundos de gestões anteriores, os quais também acabaram sendo contabilizados no balanço de 2024.
Durante a reunião, Fabiano também foi questionado sobre a sua permanência no cargo. Em resposta, ele afirmou que essa é uma decisão que cabe ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e não a ele. O encontro entre Fabiano, o presidente Lula e a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, aconteceu após a divulgação dos números do rombo nas empresas estatais federais, que, segundo o Banco Central, chegaram a um total de 6,7 bilhões de reais em 2024. A situação dos Correios continua a ser uma das maiores preocupações do Ministério da Gestão, dada a magnitude do déficit apresentado.
O presidente dos Correios também fez questão de frisar que, apesar do difícil momento, a empresa está se esforçando para recuperar o seu equilíbrio financeiro. Ele afirmou que a equipe está empenhada em superar as dificuldades causadas pela falta de investimentos e pela implementação de políticas que afetaram diretamente os resultados operacionais da empresa. A modernização dos processos e a busca por novos modelos de negócios são, segundo ele, as principais estratégias para reverter o quadro de crise.
A situação financeira dos Correios reflete um desafio mais amplo enfrentado pelas estatais federais, que têm enfrentado dificuldades financeiras devido à combinação de má gestão, falta de investimentos e políticas que não conseguiram atingir os objetivos planejados. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem como um dos desafios principais reverter esse quadro e restabelecer a saúde financeira das empresas públicas, uma vez que muitas delas, como os Correios, desempenham funções essenciais para a população.
O anúncio de um déficit significativo nas estatais também trouxe à tona a necessidade de uma revisão das políticas públicas voltadas para essas empresas, especialmente no que diz respeito a sua governança e gestão financeira. O governo federal está ciente dos desafios que as empresas estatais enfrentam e deverá adotar medidas para garantir sua sustentabilidade a longo prazo. A situação dos Correios, em particular, será acompanhada de perto, já que a empresa ainda possui um papel crucial na logística e na comunicação no Brasil.
Em meio a esse cenário, a continuidade da modernização dos Correios e a busca por soluções inovadoras são vistos como essenciais para a recuperação da empresa e a superação do atual déficit. No entanto, os próximos meses serão decisivos para determinar se a atual gestão conseguirá superar os desafios impostos pela privatização anterior e pelas novas políticas tributárias.