O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu nesta segunda-feira, 7 de julho de 2025, às declarações feitas por Donald Trump em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sem citar diretamente o líder republicano dos Estados Unidos, Lula se pronunciou nas redes sociais com um recado enfático: a democracia brasileira é assunto exclusivo dos brasileiros. O petista afirmou que o país é soberano e que não aceitará qualquer tipo de interferência externa nas decisões de suas instituições. Segundo ele, o Brasil possui um sistema de Justiça independente, e ninguém está acima da lei, especialmente aqueles que atentam contra o Estado de Direito e as liberdades democráticas.
A manifestação do presidente brasileiro veio em resposta à publicação feita por Trump na Truth Social, na qual o norte-americano voltou a criticar a situação de Bolsonaro, dizendo que o Brasil estaria promovendo uma verdadeira perseguição ao ex-mandatário. Em tom alarmista, Trump descreveu o que chamou de uma “coisa terrível” e comparou a pressão sobre Bolsonaro às ações judiciais que ele próprio enfrenta nos Estados Unidos. Segundo o republicano, Bolsonaro é inocente e está sendo atacado apenas por lutar por seu povo, tendo sido um líder forte, patriota e firme nas negociações internacionais.
Trump destacou ainda que a eleição de Bolsonaro foi extremamente apertada e que, hoje, ele aparece liderando pesquisas de intenção de voto, insinuando que o processo contra o ex-presidente seria uma forma de impedir seu retorno ao poder. O norte-americano disse acompanhar o caso de perto e finalizou sua mensagem com um apelo que rapidamente se espalhou pelas redes sociais: “Deixe Bolsonaro em paz”.
A resposta de Lula procurou afirmar a autonomia das instituições brasileiras e, ao mesmo tempo, defender a legitimidade das investigações e processos em curso. A posição do presidente tem respaldo em setores do Judiciário e do Congresso que consideram inaceitável a tentativa de líderes estrangeiros opinarem sobre casos internos, principalmente quando envolvem figuras públicas investigadas por atos considerados graves.
Bolsonaro, por sua vez, respondeu à manifestação de Trump com entusiasmo. Disse ter recebido com muita alegria as palavras do aliado norte-americano e classificou sua própria situação jurídica como uma aberração, comparável à que Trump estaria enfrentando nos Estados Unidos. O ex-presidente agradeceu pelo apoio, chamou Trump de amigo e afirmou que sua luta em defesa da liberdade e da justiça serve de inspiração para milhões de pessoas no mundo. Bolsonaro também afirmou que Trump venceu em nome dos Estados Unidos e de todos os países verdadeiramente democráticos, exaltando sua fé e resiliência.
Nos bastidores políticos, o episódio expôs mais uma vez o alinhamento entre os ex-presidentes de Brasil e Estados Unidos, ambos símbolos do conservadorismo e alvos recorrentes de ações judiciais após deixarem o poder. A manifestação de Trump foi celebrada entre os apoiadores de Bolsonaro, que veem nela um respaldo importante no cenário internacional. A expressão “Deixe Bolsonaro em paz” rapidamente se espalhou entre parlamentares da oposição e influenciadores alinhados à direita, tornando-se mais um lema de protesto contra o Supremo Tribunal Federal e o governo Lula.
Por outro lado, setores mais moderados e governistas criticaram a fala do republicano, avaliando que ela pode estimular tensões políticas internas e alimentar discursos de radicalização. Para esses grupos, é preciso preservar a soberania nacional diante de tentativas externas de deslegitimar o funcionamento das instituições brasileiras. A avaliação no Palácio do Planalto é que Trump está capitalizando a situação de Bolsonaro como parte de sua própria estratégia eleitoral nos Estados Unidos, transformando o ex-presidente brasileiro em símbolo de resistência a um sistema que ele também acusa de perseguição.
Analistas políticos apontam que esse embate pode ganhar novos capítulos nas próximas semanas, especialmente com a aproximação das eleições presidenciais norte-americanas. Uma eventual vitória de Trump em novembro de 2024 poderia reconfigurar a relação entre os Estados Unidos e o Brasil, especialmente se Bolsonaro voltar à disputa eleitoral. O gesto do republicano, ao mesmo tempo que reforça a ligação ideológica entre os dois líderes, aumenta a pressão sobre o governo Lula, que agora tem o desafio de manter a estabilidade institucional diante de uma narrativa internacional cada vez mais polarizada.
O cenário brasileiro continua tenso, com desdobramentos jurídicos que prometem ocupar o noticiário nos próximos meses. Enquanto isso, a troca de declarações entre Lula, Trump e Bolsonaro dá contornos globais a uma disputa política que, até pouco tempo atrás, parecia restrita ao território nacional.