Girão destacou que os membros do STF não foram eleitos e, portanto, não têm o respaldo direto da população para conduzir decisões que impactam a vida nacional de forma tão profunda. Ele ressaltou que essa ausência de voto popular torna ainda mais grave o que chamou de postura autoritária da Corte. Segundo o senador, a situação se agrava diante da passividade do Senado Federal, que possui prerrogativas constitucionais para controlar abusos, mas se mantém inerte por covardia política. Para ele, a omissão da Casa Alta contribui para o avanço de uma estrutura de poder centralizadora que ameaça o Estado de Direito.
Durante a entrevista, Eduardo Girão afirmou que não é a primeira vez que o STF invade e humilha o Congresso. Ele relembrou episódios recentes em que ministros da Suprema Corte anularam decisões do Legislativo ou atuaram diretamente para impedir o avanço de pautas debatidas pelos parlamentares. O senador classificou essas intervenções como um ataque direto à democracia representativa e alertou que o Judiciário, ao agir de forma ativista, acaba por desfigurar o princípio da separação dos Poderes, um dos pilares da República.
O parlamentar também fez questão de enfatizar que sua crítica não é dirigida ao Judiciário como instituição, mas ao comportamento de alguns ministros que, em sua visão, transformaram a Corte em uma arena política. Girão questionou a falta de limites para as decisões monocráticas e o uso frequente de instrumentos judiciais para interferir no processo político, algo que, segundo ele, compromete a independência das instituições e mina a confiança da sociedade na Justiça.
Ao longo de sua fala, o senador reforçou a necessidade de o Senado exercer seu papel de freio e contrapeso diante de abusos cometidos por magistrados. Ele defendeu a retomada de discussões sobre projetos que estabelecem mandatos fixos para ministros do STF e maior controle sobre suas decisões. Para Girão, sem esse tipo de medida, o país seguirá refém de uma elite togada que age sem prestar contas à sociedade.
A crítica do senador ocorre em um contexto de crescente tensão entre os Poderes. Nas últimas semanas, decisões do ministro Alexandre de Moraes voltaram a causar polêmica, especialmente por rejeitar pedidos da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e impedir o comparecimento de figuras políticas como Eduardo e Carlos Bolsonaro na condição de testemunhas em processos judiciais. Além disso, o próprio ministro tem sido alvo de críticas por episódios que envolvem sua proximidade com o governo, como o voo que compartilhou com a primeira-dama Janja da Silva, o que gerou protestos da oposição e reforçou acusações de parcialidade.
Eduardo Girão tem se posicionado como uma das vozes mais firmes no Senado contra o ativismo judicial. Ao longo de seu mandato, apresentou requerimentos para a convocação de ministros do STF, além de apoiar propostas legislativas que buscam limitar o alcance das decisões do Supremo em temas políticos. Para ele, o Judiciário deve se restringir à interpretação das leis, e não atuar como legislador ou executor, funções próprias dos outros Poderes.
A fala do senador repercutiu nas redes sociais, sendo compartilhada por diversos parlamentares da oposição e por setores da sociedade civil que também demonstram insatisfação com a atuação do Supremo. Críticos do Judiciário apontam que o STF tem assumido protagonismo excessivo nos últimos anos, especialmente em pautas morais, políticas e econômicas, o que geraria desequilíbrios institucionais e descontentamento popular.
Com o avanço das tensões entre Congresso e STF, cresce a pressão sobre o Senado para que cumpra seu papel constitucional de supervisionar os ministros da Corte. A declaração de Girão, ao colocar luz sobre esse tema sensível, amplia o debate sobre os limites da atuação judicial e reacende o questionamento sobre quem, de fato, detém o poder no Brasil. Para o senador, enquanto o Senado permanecer calado, o país seguirá sendo governado não por representantes do povo, mas por magistrados que não enfrentaram as urnas e que, por isso, não têm legitimidade para impor suas vontades acima da soberania popular.