Durante entrevista concedida a jornalistas nesta quarta-feira, o governador foi direto ao ser questionado sobre sua presença no protesto. Ele declarou que estará com o ex-presidente e que, assim como em ocasiões anteriores, Bolsonaro ficará hospedado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A recepção no palácio é um gesto simbólico que reforça os laços políticos entre ambos e envia um recado claro à base bolsonarista, ainda muito presente e influente no Estado de São Paulo. Para muitos, a aproximação entre os dois líderes pode representar o embrião de uma futura composição eleitoral, seja para 2026 ou em disputas estaduais.
O protesto deste fim de semana acontece em meio a uma série de insatisfações populares com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os principais pontos de contestação estão o recente aumento das alíquotas do IOF, as denúncias de fraudes bilionárias no INSS e a prisão do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, aliado próximo de Bolsonaro. Para os organizadores do evento, essas ações evidenciam a seletividade da Justiça e a perseguição política a figuras do campo conservador. Eles afirmam que a manifestação será pacífica, mas combativa, e visa mobilizar a população em defesa de princípios como liberdade, justiça e respeito à Constituição.
Além da presença de Tarcísio, o evento contará com a participação de diversas lideranças políticas, religiosas e sociais alinhadas ao ex-presidente. Entre os confirmados estão deputados federais e estaduais, senadores, pastores evangélicos e representantes de movimentos conservadores. O pastor Silas Malafaia, um dos articuladores do ato, destacou em vídeo publicado nas redes sociais que o momento exige coragem e união. Segundo ele, é preciso dar uma resposta à altura às “arbitrariedades cometidas em nome da democracia”.
O envolvimento do governador de São Paulo também tem sido interpretado como uma tentativa de ampliar sua visibilidade nacional, sobretudo entre os eleitores que permanecem fiéis ao projeto político iniciado por Bolsonaro em 2018. Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura durante o governo federal anterior, mantém alto índice de aprovação no Estado e vem sendo sondado como possível nome para disputar a Presidência da República, caso Bolsonaro permaneça inelegível. Sua presença no ato pode ajudar a consolidar essa imagem de liderança em ascensão dentro da direita brasileira.
A segurança do evento está sendo cuidadosamente planejada pelas autoridades paulistas. A expectativa é de grande público, e a Polícia Militar promete reforçar o policiamento na região central de São Paulo para evitar tumultos e garantir o direito de manifestação. Grupos de oposição ao governo Bolsonaro também têm se organizado, mas até o momento não há confirmação de protestos contrários marcados para o mesmo dia. A Secretaria de Segurança Pública afirma estar monitorando os movimentos para agir preventivamente em caso de necessidade.
O momento político do país é marcado por crescente polarização, e o ato de domingo surge como um termômetro da capacidade de mobilização da base conservadora. Embora o governo Lula tente demonstrar estabilidade, os últimos episódios envolvendo aumento de impostos, escândalos em estatais e denúncias de favorecimento político reacenderam a indignação popular, sobretudo entre os eleitores mais à direita. O próprio slogan da manifestação, “Justiça já”, é uma resposta direta às decisões do Supremo Tribunal Federal, que, na visão dos manifestantes, tem atuado de forma parcial e autoritária.
A manifestação também buscará reacender o debate sobre a anistia aos envolvidos nos protestos de 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro tem defendido publicamente a aprovação de uma proposta que perdoe os condenados, comparando a medida com a anistia de 1979, que pôs fim a perseguições durante o regime militar. Tarcísio, embora mais discreto nesse tema, não se opôs à proposta e sua presença ao lado do ex-presidente será interpretada como um sinal de alinhamento.
Com a confirmação de Tarcísio, o ato na Avenida Paulista ganha ainda mais força e deve repercutir nacionalmente, influenciando o cenário político nas próximas semanas. A união de forças entre o ex-presidente e o atual governador de São Paulo promete reenergizar a oposição ao governo Lula e manter vivo o projeto político que conquistou milhões de brasileiros em 2018.