Governo Lula libera R$ 1,35 mi para espetáculo sobre prostíbulo de SP

LIGA DAS NOTÍCIAS

O Ministério da Cultura do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou a captação de até R\$ 1,35 milhão via Lei Rouanet para a produção do espetáculo intitulado “Tabaris Dancing ou Cabaré Máximo, toda gerência é feminina”. A peça pretende recriar e homenagear um espaço que funcionou até o ano de 1934 na rua Xavier de Toledo, no centro de São Paulo, onde atualmente está localizado o Shopping Light. De acordo com registros históricos, o local era conhecido como um cabaré, bordel ou prostíbulo que marcou a vida noturna paulistana nas primeiras décadas do século passado.


A autorização para a captação dos recursos foi publicada no Diário Oficial da União e permite que os responsáveis pelo projeto busquem patrocínio junto à iniciativa privada com base nos incentivos fiscais da Lei Rouanet. O prazo final para a arrecadação do valor estipulado é 31 de dezembro deste ano. O espetáculo, segundo seus organizadores, será uma obra que mistura teatro, música e dança, ambientada na atmosfera dos cabarés do início do século XX, com enfoque em personagens femininas que comandavam o local em um contexto de resistência e protagonismo diante das adversidades sociais da época.


O projeto, no entanto, causou polêmica e repercutiu negativamente entre setores mais conservadores da sociedade e da política. Críticos argumentam que a destinação de dinheiro público, ainda que via renúncia fiscal, para um espetáculo que remonta a um prostíbulo não condiz com as prioridades do país e representa um mau uso dos recursos incentivados pela Lei Rouanet. A reação foi imediata entre parlamentares da oposição, que viram na liberação um exemplo de desconexão do governo com os anseios da população brasileira.


A Lei Rouanet permite que empresas e pessoas físicas invistam em projetos culturais com abatimento parcial ou total do valor investido no Imposto de Renda. Embora os recursos não sejam repassados diretamente pelo governo, a escolha dos projetos que podem captar esses valores depende de análise e aprovação do Ministério da Cultura. No caso do “Tabaris Dancing”, a autorização reflete a política cultural do atual governo, que tem defendido a valorização da diversidade artística, do resgate histórico e da liberdade de criação, mesmo em temas considerados polêmicos ou sensíveis.


O espetáculo pretende retratar o Tabaris como um espaço de sociabilidade, arte e subversão de padrões morais rígidos da época. A proposta artística sugere uma releitura simbólica do local, dando voz às mulheres que ali trabalhavam e explorando questões de gênero, poder e marginalidade em meio ao contexto urbano de São Paulo nos anos 1930. A produção se apresenta como um manifesto cultural em favor da inclusão e da visibilidade de personagens históricas esquecidas, com uma estética inspirada nos antigos cabarés europeus.


Do ponto de vista técnico, o projeto envolve uma equipe de cerca de 40 profissionais, entre atores, músicos, cenógrafos, figurinistas e técnicos. O orçamento previsto inclui despesas com produção, montagem, divulgação e realização de apresentações gratuitas e com ingressos populares em diferentes espaços culturais da cidade. Os realizadores também prometem ações educativas, como oficinas e debates com o público, para contextualizar a história do Tabaris dentro do panorama cultural e social da época.


Apesar da defesa feita por setores ligados à cultura e à produção artística, o projeto se tornou alvo de críticas nas redes sociais, onde usuários expressaram indignação e questionaram os critérios do Ministério da Cultura para aprovar iniciativas como essa. Muitos alegam que o incentivo cultural deveria priorizar escolas, bibliotecas, museus ou atividades que contribuam diretamente com a formação educacional e moral da população. Outros apontam para o contraste entre os altos valores autorizados para certas produções e a escassez de verbas para áreas essenciais como saúde e segurança.


O governo, por sua vez, sustenta que a Lei Rouanet é uma ferramenta legítima de fomento cultural e que os projetos aprovados seguem critérios técnicos e artísticos. A atual gestão tem reafirmado seu compromisso com a democratização do acesso à cultura e com o apoio a expressões artísticas que rompam barreiras e provoquem reflexão sobre a sociedade brasileira. O espetáculo “Tabaris Dancing ou Cabaré Máximo” se insere dentro dessa lógica, com o objetivo declarado de recuperar uma memória urbana esquecida e valorizar o papel das mulheres em ambientes considerados à margem.


Com o prazo de captação em andamento e a controvérsia instalada, resta saber se a iniciativa conseguirá o apoio necessário da iniciativa privada para sair do papel. Enquanto isso, o debate sobre os limites da arte, a função social da cultura e a legitimidade da Lei Rouanet volta ao centro da cena política e cultural do país.


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