Na mensagem, o ex-presidente relatou que deixou a UTI na última terça-feira, 30 de abril, sendo transferido para a unidade de internação do hospital. Segundo ele, o quadro clínico tem evoluído positivamente, com destaque para a boa aceitação da dieta líquida e a retomada dos movimentos intestinais espontâneos, o que permitiu a retirada da sonda, segundo suas próprias palavras, “incômoda”. A publicação ainda destaca que Bolsonaro segue recebendo suporte nutricional por via intravenosa e oral, como parte do processo de adaptação e fortalecimento do organismo, após o procedimento cirúrgico.
Outro ponto abordado foi o andamento do tratamento fisioterápico, que, segundo Bolsonaro, está sendo intensificado com o objetivo de fortalecer a musculatura e estimular a funcionalidade do sistema digestivo. Ele também afirmou estar sendo submetido a medidas preventivas contra trombose venosa, o que indica atenção redobrada dos médicos à sua condição circulatória, comum em pacientes que permanecem por períodos prolongados em repouso hospitalar.
Mesmo com a melhora no quadro clínico, o ex-presidente revelou que as visitas seguem restritas e que ainda não há previsão de alta definitiva do hospital. Apesar disso, demonstrou confiança na recuperação e aproveitou para agradecer as orações e mensagens de apoio que tem recebido de apoiadores e aliados. “As orações e mensagens de apoio sempre fazem efeito positivo!”, escreveu.
A internação de Jair Bolsonaro e os desdobramentos clínicos da sua situação ocorrem em meio a um clima político ainda turbulento no país. Desde o início de sua internação, surgiram polêmicas envolvendo a presença de oficiais de justiça no hospital, a mando do Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de intimá-lo para prestar depoimentos em investigações ainda em curso. Aliados de Bolsonaro denunciaram o que chamaram de perseguição judicial, e o tema rapidamente ganhou espaço entre os apoiadores do ex-presidente nas redes sociais e nos meios de comunicação conservadores.
O contexto político acirrado se intensificou ainda mais com a recente posse de Donald Trump nos Estados Unidos, que reacendeu debates em torno das eleições brasileiras de 2022, especialmente no campo conservador. Alguns veículos chegaram a promover obras como o livro “O Fantasma do Alvorada – A Volta à Cena do Crime”, que afirma conter documentos e denúncias sobre os bastidores daquela eleição. Bolsonaro já teria tomado conhecimento da publicação, segundo portais alinhados ao seu campo político, embora não tenha se pronunciado diretamente sobre o conteúdo.
Durante o período em que esteve na UTI, Bolsonaro permaneceu afastado das redes sociais e de compromissos públicos, o que gerou especulações quanto à sua condição. Agora, com sua manifestação mais direta, busca reafirmar a normalidade de sua recuperação e transmitir tranquilidade aos seus apoiadores. Ainda assim, o clima de tensão entre o ex-presidente e o sistema judicial brasileiro permanece evidente, com o avanço de processos e depoimentos previstos para os próximos meses.
Enquanto isso, nas redes sociais, apoiadores seguem mobilizados com campanhas de solidariedade e protestos contra o que consideram ser uma criminalização injusta de Bolsonaro e sua família. A narrativa da perseguição política segue alimentando grupos de direita que se mantêm ativos, mesmo após o fim do mandato presidencial, buscando reorganização e protagonismo nas eleições municipais que se aproximam.
O estado de saúde de Bolsonaro, portanto, torna-se não apenas um tema médico, mas também político, servindo como termômetro do momento que vive a oposição conservadora no Brasil. Apesar da ausência física em atos e entrevistas, sua figura continua sendo central no discurso de seu grupo, seja pela defesa de sua recuperação, seja pela luta contra decisões judiciais que recaem sobre ele e seus aliados. A expectativa agora gira em torno da evolução clínica nos próximos dias e da eventual retomada de atividades públicas, mesmo que em ritmo reduzido, após sua alta hospitalar.