Nikolas ironiza Erika Hilton por visto com gênero masculino

LIGA DAS NOTÍCIAS

O deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, voltou a protagonizar uma polêmica nas redes sociais nesta quarta-feira, após ironizar a também deputada Erika Hilton, do PSOL de São Paulo. A controvérsia começou quando Erika, que é uma mulher trans, anunciou que cancelou uma viagem aos Estados Unidos por conta de seu visto ter sido emitido com o gênero masculino. Em resposta, Nikolas fez uma postagem debochada dizendo: “É só cancelar, amigue”, o que gerou uma onda de reações divididas na internet.


A publicação do deputado conservador rapidamente ganhou destaque nas redes, sendo compartilhada por apoiadores e criticada por adversários. Enquanto seus seguidores defenderam o comentário como uma crítica ao que chamam de “vitimismo da esquerda”, opositores acusaram Nikolas de transfobia e falta de empatia com a situação enfrentada por Erika Hilton.


A deputada do PSOL explicou que sua decisão de não embarcar para os Estados Unidos foi motivada por receio do tratamento que poderia receber ao desembarcar no país, uma vez que seu visto trazia o gênero masculino, em desacordo com seu nome social e sua identidade de gênero reconhecida oficialmente no Brasil. Segundo ela, em 2023, já havia conseguido um visto com o gênero feminino, o que tornaria esse novo documento um retrocesso. Em sua avaliação, trata-se de uma violação direta de seus direitos civis enquanto cidadã brasileira.


Erika Hilton declarou ainda que pretende recorrer à Organização das Nações Unidas para denunciar o caso como uma situação de transfobia institucional. Segundo a parlamentar, o governo dos Estados Unidos desconsiderou informações oficialmente reconhecidas pelas autoridades brasileiras, o que representa, em sua visão, um desrespeito à legislação nacional e à dignidade das pessoas trans. A deputada também relacionou o episódio a mudanças de diretrizes implementadas durante o novo mandato do ex-presidente Donald Trump, que, segundo ela, contribuiu para um cenário de retrocesso no reconhecimento de identidades trans nos documentos oficiais emitidos por agências do governo americano.


Durante sua manifestação, Erika criticou duramente o ex-presidente Trump, a quem acusou de ser o principal responsável pela postura discriminatória adotada pelos Estados Unidos em relação às pessoas trans. Ela afirmou que a nova diretriz, que obriga a identificação de gênero com base exclusivamente no sexo biológico registrado no nascimento, representa uma ameaça global aos direitos da comunidade LGBTQIA+. Erika classificou Trump como alguém que dissemina ódio e preconceito, e cuja influência ainda causa efeitos negativos para minorias em todo o mundo.


A publicação de Nikolas Ferreira, por outro lado, foi vista por muitos de seus apoiadores como uma provocação estratégica. O parlamentar mineiro é conhecido por suas posições conservadoras e pelo uso frequente das redes sociais para confrontar pautas progressistas. Ele já protagonizou diversos episódios polêmicos relacionados a temas de gênero e sexualidade, sendo alvo constante de críticas de ativistas e figuras públicas ligadas aos direitos humanos. Apesar disso, Nikolas mantém um forte apoio entre eleitores conservadores e é um dos deputados mais populares do país em termos de engajamento digital.


Erika Hilton, por sua vez, tem se consolidado como uma das principais vozes da população trans no Congresso Nacional. Primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, ela tem atuado ativamente na defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+ e na promoção de políticas públicas voltadas à inclusão. Em entrevistas recentes, Erika tem ressaltado a importância de sua presença no parlamento como símbolo de representatividade e luta por igualdade. Para ela, episódios como o que envolveu o visto demonstram o quanto ainda há a avançar em termos de reconhecimento de direitos básicos.


O caso entre Erika Hilton e Nikolas Ferreira se tornou mais um capítulo do cenário político profundamente polarizado no Brasil. De um lado, há a defesa de direitos civis e o reconhecimento da diversidade como valor democrático fundamental. De outro, o apelo a valores conservadores e o discurso crítico a movimentos sociais que buscam ampliar o reconhecimento de identidades historicamente marginalizadas. A troca de farpas entre os parlamentares não apenas evidencia essas tensões, como também expõe os limites do diálogo institucional diante de embates ideológicos cada vez mais acirrados.


Enquanto isso, o episódio também lança luz sobre um debate global em torno do tratamento de pessoas trans por parte de estados nacionais e sobre os desafios enfrentados por esses cidadãos em cruzar fronteiras que nem sempre reconhecem sua identidade. A busca de Erika por apoio internacional pode, nesse sentido, transformar um episódio individual em uma discussão mais ampla sobre os compromissos internacionais com os direitos humanos.


No fim das contas, mais do que uma disputa entre dois deputados, a controvérsia é um retrato das batalhas simbólicas que se desenrolam no centro da política contemporânea, onde questões de identidade, respeito e liberdade se tornam campos de embate entre diferentes visões de mundo.

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