Em ato com baixa adesão em SP, Boulos provoca Jair Bolsonaro

LIGA DAS NOTÍCIAS


 No último domingo (30), a Avenida Paulista foi palco de um ato organizado por aliados do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) contra o projeto de lei que propõe anistiar os envolvidos nos atos de vandalismo ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. O protesto, que reuniu um número consideravelmente reduzido de pessoas, gerou grande repercussão, tanto nas ruas quanto nas redes sociais. Apesar da baixa adesão, os participantes não deixaram de expressar seu descontentamento com a possível aprovação da anistia, que é vista por muitos como uma tentativa de livrar os responsáveis pela invasão das sedes dos Três Poderes de suas responsabilidades legais.


O próprio Boulos aproveitou a oportunidade para provocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem se mostrado um dos principais defensores da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Durante seu discurso, Boulos se referiu ao ex-presidente de maneira irônica, sugerindo que o governo atual ainda terá a chance de colocá-lo atrás das grades. "O mundo gira e nós ainda vamos ter oportunidade de pegar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e levar a marmita da Cozinha Solidária para ele lá na Papuda", disse Boulos, fazendo referência ao presídio onde Bolsonaro poderia ser preso, caso seja condenado por sua suposta tentativa de golpe de Estado.


Também presente no ato, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo na Câmara, foi enfático ao afirmar que a proposta de anistia não passará pela Câmara dos Deputados. Farias declarou que a base governista está unida e não permitirá a aprovação do projeto. "Esta vai ser a semana em que nós vamos enterrar esse PL da Anistia", afirmou. Ele ainda ressaltou que, ao votarem pela aprovação do projeto, os parlamentares estariam cometendo um crime, especialmente no que diz respeito à prisão preventiva dos envolvidos, que deve ser aplicada em casos de obstrução das investigações.


A manifestação contou com a participação de outros parlamentares, como os deputados federais Carlos Zarattini (PT-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP), Ivan Valente (PSOL-SP) e Erika Hilton (PSOL-SP), além de deputados estaduais como Antônio Donato (PT) e Ediane Maria (PSOL), todos unidos contra a aprovação do projeto. Juntos, eles destacaram a importância de não permitir que o projeto seja aprovado, acusando-o de ser uma tentativa de enfraquecer a responsabilização dos envolvidos nos atos de vandalismo em Brasília.


O protesto foi uma reação à mobilização de apoiadores de Bolsonaro, que, no dia 16 de março, organizaram um ato no Rio de Janeiro em defesa da anistia para os envolvidos nos ataques. Esse ato carioca contou com a presença de Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia, ambos liderando a defesa de uma possível anistia para os responsáveis pelos danos causados em janeiro de 2023. A manifestação em São Paulo também foi promovida por entidades ligadas ao PT e ao PSOL, que mobilizaram militantes em outras capitais do Brasil, como Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Belém, São Luís, Brasília e Fortaleza.


Na capital paulista, o ato teve início na Praça Oswaldo Cruz, localizada no início da Avenida Paulista, e seguiu até a antiga sede do DOI-Codi, um dos mais temidos centros de repressão política durante o período da ditadura militar. Durante o percurso, os manifestantes exibiram cartazes com a mensagem "sem anistia" e fizeram menção à possibilidade de prisão de Bolsonaro. Além disso, algumas bandeiras do Brasil também estavam presentes, reforçando a postura contrária à anistia e ao enfraquecimento das instituições democráticas.


O evento contou com a presença de cerca de 6,6 mil pessoas, segundo dados do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP). A contagem foi realizada por meio de imagens aéreas captadas por drone e analisadas com o auxílio de inteligência artificial, uma metodologia que garantiu a precisão dos números, mesmo em áreas com grande concentração de público.


A manifestação em São Paulo ocorre em um contexto de dificuldades para a esquerda em mobilizar grandes públicos. No ano passado, a mobilização das centrais sindicais no 1º de maio também teve uma adesão aquém das expectativas, o que gerou frustração entre os organizadores. Na ocasião, um evento realizado na Neo Química Arena, em Itaquera, não conseguiu atrair o número de pessoas esperado. Essa dificuldade de mobilização foi comentada por líderes da esquerda, que atribuíram a baixa adesão a um "ato mal convocado".


Embora o ato de domingo tenha sido um reflexo claro da oposição à proposta de anistia, ele também demonstrou as dificuldades políticas e logísticas de movimentar a base de apoio da esquerda em momentos decisivos. O sucesso ou fracasso da oposição ao projeto de anistia será um termômetro importante para os próximos passos políticos do país. Para os defensores da anistia, no entanto, a batalha está longe de ser encerrada, e as articulações seguem firmes no Congresso Nacional.

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Accept !