Esvaziado, ato contra anistia reúne 5,5 mil pessoas

LIGA DAS NOTÍCIAS
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Neste domingo, 30 de março, um ato contra a anistia dos presos do 8 de janeiro e contra o ex-presidente Jair Bolsonaro foi realizado em diversas cidades do Brasil, com destaque para a concentração na Avenida Paulista, em São Paulo. A manifestação, que foi convocada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e pelos movimentos sociais Povo Sem Medo e Brasil Popular, teve adesão baixa, conforme estimativas de público que apontam cerca de 5,5 mil pessoas presentes. A proposta do evento era expressar oposição ao projeto de anistia para os envolvidos nos atos de janeiro, além de reforçar o pedido pela prisão de Bolsonaro.


O deputado Boulos, uma das principais figuras da organização do ato, provocou Bolsonaro durante o evento, afirmando que, no futuro, ele e seus aliados poderiam "levar a marmita da Cozinha Solidária para ele lá na Papuda", referência à prisão do ex-presidente. A fala de Boulos visou provocar o ex-mandatário, que, desde o fim de seu governo, tem sido alvo de várias investigações e acusações relacionadas aos atos do dia 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes.


A mobilização em São Paulo, apesar de ser o principal ponto de concentração, foi considerada modesta em termos de público, o que gerou um certo desconforto entre organizadores e aliados do governo. Figuras próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, evitaram comparecer ao evento, temendo que a baixa adesão pudesse prejudicar a imagem do governo. A relação entre os partidos de esquerda e a base governista, nesse sentido, mostra-se tensa, já que muitos temem que manifestações com pouca representatividade possam enfraquecer a agenda do governo.


O evento, que teve como foco o repúdio à anistia e a tentativa de deslegitimar o ex-presidente Bolsonaro, gerou piadas e críticas entre figuras da direita. Muitos de seus membros usaram as redes sociais para ironizar a mobilização, destacando o pequeno número de participantes e questionando a efetividade das manifestações da oposição. Esse tipo de reação da direita reflete um cenário em que a polarização política segue forte, com embates constantes entre aqueles que defendem a continuidade da agenda de Bolsonaro e os que buscam distanciar-se do ex-presidente e promover uma agenda mais progressista no país.


Além disso, no próximo domingo, 6 de abril, a direita se prepara para realizar um ato em favor da anistia, também na Avenida Paulista, como uma resposta ao evento da esquerda. A expectativa é de que a mobilização a favor da anistia tenha um público maior, considerando o apoio que a proposta vem recebendo de alguns setores da política, especialmente entre os partidos de centro-direita e aqueles que ainda defendem a figura de Bolsonaro. Este próximo ato é visto como uma tentativa de reverter o clima de críticas ao ex-presidente e fortalecer a corrente política que defende sua absolvição e a não perseguição dos envolvidos nos eventos de janeiro.


As manifestações recentes e a mobilização de diferentes grupos políticos no Brasil demonstram a divisão ainda muito forte entre os campos político e ideológico do país. A aprovação do PL da Anistia, que trata da possível libertação dos envolvidos nos atos de janeiro, continua sendo um tema central de debate e polarização no Congresso Nacional. O governo Lula, que tenta avançar com uma agenda própria, tem se deparado com dificuldades em aprovar reformas e projetos diante dessa divisão política, que inclui desde críticas internas de aliados até a oposição ferrenha de figuras que ainda apoiam Bolsonaro.


O cenário político brasileiro segue carregado de tensões, com a proximidade das eleições de 2026 e a crescente disputa por espaço e influência no governo. O PL da Anistia e as manifestações a favor e contra a proposta indicam que o país ainda viverá uma série de confrontos e desafios políticos nos próximos anos, com implicações diretas para a relação entre os Poderes e para a estabilização da democracia no Brasil.


A participação de figuras como Boulos, Bolsonaro e líderes de diferentes movimentos sociais, tanto de esquerda quanto de direita, reforça a polarização que caracteriza o cenário político atual. As manifestações e seus desdobramentos são apenas o reflexo de um Brasil profundamente dividido, onde cada ato e cada projeto de lei carrega consigo uma carga emocional e política muito forte, com efeitos que ultrapassam as esferas partidárias e tocam diretamente o sentimento da população.

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June 21, 2025