Durante a palestra, Campos Neto fez uma revelação impactante sobre o futuro do setor bancário. Ele compartilhou com os presentes sua visão de que os bancos tradicionais sofrerão grandes transformações nos próximos anos devido à ascensão dos bancos digitais. Segundo ele, os bancos tradicionais estão sendo cada vez mais desafiados pelos serviços oferecidos pelas plataformas digitais, que conseguem oferecer soluções tecnológicas a custos muito mais baixos. Para Campos Neto, este fenômeno, que ele descreveu como uma verdadeira "disrupção", deve se intensificar nos próximos dois anos.
A comparação entre as instituições bancárias tradicionais e as plataformas digitais não foi feita apenas em termos de custo. Campos Neto destacou que os bancos digitais têm a capacidade de atrair e reter clientes de forma mais eficiente, devido ao custo reduzido e à capacidade de atender a uma base de consumidores mais ampla. Ele observou que, enquanto os bancos tradicionais ainda mantêm práticas como o uso de talões de cheque em algumas regiões, os países emergentes já avançaram significativamente nesse sentido, adotando tecnologias mais ágeis e adaptadas ao mundo digital.
Além disso, o ex-presidente do BC ressaltou que a evolução dos métodos de pagamento instantâneo, como o Pix, também está contribuindo para essa transformação no setor bancário. De acordo com ele, a parte transacional dos bancos, que antes era a base do seu modelo de negócios, está se tornando cada vez menos relevante. O surgimento de soluções como o Pix tem tornado as transações financeiras mais rápidas e baratas, diminuindo a necessidade de intermediários e levando a uma mudança estrutural no sistema financeiro.
Campos Neto também anteviu um futuro em que todos os serviços financeiros estarão concentrados em uma única plataforma integrada. "Você não terá no seu celular um aplicativo de banco A, B, C ou D. Vamos ver um cenário em que todos os seus dados financeiros estarão reunidos em um único local, onde será possível comparar produtos financeiros e migrar entre diferentes instituições com facilidade", afirmou. Para ele, esse modelo será impulsionado pela crescente digitalização dos serviços bancários e pela demanda dos consumidores por soluções mais convenientes e econômicas.
A palestra de Campos Neto, marcada por sua análise precisa sobre a evolução do sistema financeiro, gerou uma reflexão importante sobre o futuro das instituições bancárias. Ao apontar que os bancos tradicionais estão em risco de serem profundamente abalados pela inovação das fintechs, ele sugeriu que os próximos anos serão decisivos para a adaptação ou desaparecimento de modelos de negócios mais antigos.
A visão de Campos Neto sobre a disrupção no setor bancário não se limita ao Brasil. Ele afirmou que, em muitos países, especialmente nos mercados emergentes, os bancos digitais já estão mais avançados em termos de serviços e eficiência. O ex-presidente do BC apontou que a pandemia de COVID-19 acelerou esse processo de digitalização, uma vez que a necessidade de distanciamento social e o aumento do uso de plataformas online criaram um ambiente propício para o crescimento das fintechs.
Embora a maioria dos analistas concorde com a análise de que os bancos digitais têm o potencial de transformar o setor financeiro, alguns questionam até que ponto as instituições tradicionais conseguirão se adaptar a essa nova realidade. Em um cenário onde as plataformas digitais oferecem serviços mais rápidos, baratos e personalizados, a pressão sobre os bancos tradicionais para se modernizarem será cada vez maior. As grandes instituições financeiras terão que repensar seus modelos de negócios e investir fortemente em tecnologia se quiserem se manter competitivas.
Por outro lado, Campos Neto também reconheceu que o processo de transformação do setor bancário trará desafios significativos, especialmente em termos de regulação e segurança. A rápida evolução das fintechs exige uma adaptação das autoridades financeiras para garantir que a inovação não comprometa a estabilidade do sistema financeiro.
Essa visão sobre a mudança no setor bancário, no entanto, não se limita apenas a uma previsão do futuro, mas também serve como um alerta para o presente. Os bancos tradicionais, que dominam o mercado financeiro há décadas, precisarão se adaptar a uma realidade em que a tecnologia desempenha um papel cada vez mais central. O futuro do setor bancário será, sem dúvida, marcado pela intensificação da concorrência com as plataformas digitais, que têm a capacidade de oferecer serviços mais ágeis e acessíveis a um público crescente, especialmente entre as gerações mais jovens.
Com suas declarações, Campos Neto reacendeu o debate sobre o futuro da indústria financeira global. Para os especialistas do setor, a revolução que ele prevê já está em curso e pode mudar para sempre a forma como as pessoas lidam com o dinheiro e os serviços bancários. A grande questão agora é até onde os bancos tradicionais irão para se reinventar ou se serão deixados para trás pela onda de inovação das fintechs.