Bolsonaro reage a voto de Moraes contra moça que pichou “perdeu, mané”

LIGA DAS NOTÍCIAS

Na tarde de sexta-feira, 21 de março de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou nas redes sociais sobre o julgamento de Débora dos Santos, mulher acusada de pichar a frase "perdeu, mané" em uma estátua localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. O caso está sendo analisado pela Primeira Turma do STF, e o ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a emitir seu voto, favorável à condenação de Débora a uma pena de 14 anos, sendo 12 desses anos de reclusão. O ex-presidente expressou seu descontentamento com a decisão e, em um vídeo publicado em suas redes sociais, lamentou o voto de Moraes, criticando a pena imposta à mulher.


Bolsonaro fez questão de destacar que o dia coincidia com o seu aniversário, mas que, em sua opinião, era um dia triste devido à decisão do ministro. Em suas palavras, o ex-presidente chamou o julgamento de "desumano", classificando a pena como "incrível" e "desarrazoada". O ex-presidente também afirmou que a mulher, mãe de dois filhos pequenos, não merecia uma condenação tão severa. Para reforçar sua posição e angariar apoio, Bolsonaro aproveitou a ocasião para convidar seus seguidores a participar de um ato que realizará na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 6 de abril.


O julgamento de Débora dos Santos ocorre no contexto dos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023, em que apoiadores do então presidente Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Durante esse evento, Débora foi fotografada enquanto pichava a estátua do STF, localizada na Praça dos Três Poderes. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Débora em julho de 2024, acusando-a de associação criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e vandalismo em patrimônio tombado. Em agosto do mesmo ano, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra ela, e a mulher se tornou ré em um processo penal que segue em análise.


A defesa de Débora, por sua vez, argumenta que ela não portava qualquer substância ilícita no momento da pichação, apenas batom, usado para realizar a ação na estátua. Ela foi presa em março de 2023 durante a operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal para investigar os envolvidos nos atos golpistas e na organização dos mesmos.


O julgamento está acontecendo em plenário virtual, onde os ministros do STF depositam seus votos na plataforma online sem a necessidade de uma discussão presencial. Moraes, como relator, foi o primeiro a se manifestar favoravelmente à condenação de Débora, e os outros ministros que compõem a Primeira Turma – Cármen Lúcia, Flávio Dino, Luiz Fux e Cristiano Zanin – têm até o dia 28 de março para proferir suas opiniões sobre o caso. O voto de Moraes, sendo o primeiro a ser divulgado, gerou grande repercussão, principalmente entre os apoiadores de Bolsonaro, que já se manifestaram criticando a severidade da punição imposta à ré.


Débora dos Santos, ao longo do processo, se tornou um símbolo para muitos que questionam a judicialização dos atos de 8 de janeiro. O caso chama atenção não apenas pela gravidade das acusações, mas também pela forma como a sociedade está dividida sobre as reações do poder judiciário diante dos manifestantes que participaram da tentativa de golpe. Enquanto alguns defendem punições rigorosas, outros, como Bolsonaro, enxergam nas sentenças um excesso de autoritarismo.


Bolsonaro, que ainda mantém uma base de seguidores influentes, aproveitou para reiterar seu discurso contra o que considera ser perseguições políticas e jurídicas contra seus apoiadores. A imagem de Débora dos Santos, com sua ação de vandalismo, passou a ser interpretada por esses grupos como um exemplo de repressão por parte do sistema judicial brasileiro, particularmente em relação ao STF, órgão frequentemente criticado por Bolsonaro e seus aliados.


A repercussão deste julgamento e as críticas ao STF continuam a aumentar à medida que mais votos são publicados. A decisão final deverá ser tomada nas próximas semanas, com grande expectativa sobre qual será o posicionamento dos demais ministros e se a condenação será de fato mantida ou se sofrerá alterações. Enquanto isso, o ex-presidente segue mobilizando seus apoiadores, com a expectativa de que o ato em São Paulo, marcado para o próximo mês, seja um reflexo de sua resistência às decisões do atual governo e ao sistema judiciário.

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