Entre os destaques do evento, Bolsonaro fez um discurso emocionado e contundente, sendo ovacionado por seus apoiadores, que entoaram gritos de “mito” e palavras de ordem em apoio ao ex-presidente. Subindo ao trio elétrico, ele denunciou o que chamou de "abuso de autoridade" e uma "perseguição implacável" contra aqueles que, segundo ele, são vítimas de uma repressão injustificada. O ex-presidente afirmou que muitos dos presos políticos, que passaram mais de um ano em detenção, foram processados sem garantias de um julgamento justo, sendo tratados como bodes expiatórios em uma tentativa de silenciar qualquer oposição.
Bolsonaro também criticou duramente a atuação do Judiciário e do Supremo Tribunal Federal, acusando seus membros de agirem de maneira parcial e com um claro viés político. Durante o discurso, o ex-presidente afirmou que o povo brasileiro não tolera mais o que chamou de "ditadura da toga", referindo-se aos juízes e ministros do STF, que, para ele, estão utilizando o poder judicial para punir aqueles que não se alinham com o governo atual. O ex-presidente enfatizou que, ao longo dos últimos meses, aqueles que participaram dos atos de 8 de janeiro de 2023, em sua maioria cidadãos comuns e trabalhadores, continuam privados de liberdade sem a devida análise de suas defesas. Para Bolsonaro, a situação é uma clara injustiça, sendo mais uma tentativa de repressão à liberdade de expressão e à pluralidade política.
O evento também foi marcado por um forte simbolismo. Ao longo das manifestações, os participantes exibiram faixas e cartazes com pedidos explícitos de liberdade para os presos políticos, com o intuito de sensibilizar a opinião pública e pressionar tanto o STF quanto o Congresso Nacional a agirem em prol de uma anistia para aqueles detidos após os tumultos de janeiro de 2023. Os manifestantes argumentaram que, ao manterem esses indivíduos presos, o Brasil estaria fazendo um retrocesso na luta pela democracia, ao invés de promover a verdadeira justiça.
A manifestação nas ruas e o discurso de Bolsonaro, portanto, não apenas ecoaram a preocupação com a liberdade dos presos políticos, mas também se configuraram como um ato de resistência contra o que seus participantes percebem como abusos de poder por parte das instituições do Estado. Muitos dos que estavam presentes na manifestação acreditam que o país está caminhando para um cenário em que a perseguição a opositores se tornou uma prática comum e a democracia está sendo ameaçada por medidas autoritárias.
Além disso, o evento também evidenciou uma divisão crescente na sociedade brasileira. Enquanto os apoiadores de Bolsonaro clamam por justiça e pela libertação dos que consideram vítimas de uma perseguição política, há quem veja esses pedidos como uma tentativa de deslegitimar os processos legais que resultaram nas prisões dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A disputa sobre o que realmente representa a "justiça" e quem são os "verdadeiros patriotas" continua a polarizar o país, com manifestações como a do último domingo apenas acentuando esse cenário.
Na internet, as imagens da manifestação e os vídeos do discurso de Bolsonaro se espalharam rapidamente, gerando debates intensos nas redes sociais e entre comentaristas políticos. Para alguns, a manifestação representou um passo importante na luta pela liberdade de expressão e contra o que consideram como abusos do Judiciário. Para outros, foi uma tentativa de minar a confiança nas instituições democráticas e de construir um discurso de vitimização.
Este evento, sem dúvida, marcará os próximos capítulos da política brasileira, sendo um reflexo das tensões atuais entre os diferentes grupos políticos no país. Enquanto os manifestantes exigem a libertação dos presos políticos e o fim daquilo que consideram perseguições partidárias, o governo e os opositores de Bolsonaro seguem observando atentamente os desdobramentos dessa crescente mobilização. O futuro dessas disputas, especialmente em relação à questão da anistia, continua incerto, mas certamente terá impacto nas próximas eleições e no cenário político nacional.