A manifestação ocorreu em um clima de grandes expectativas, já que a análise da denúncia contra Bolsonaro, conhecida como “Núcleo 1”, estava prevista para acontecer nas próximas semanas. Esse grupo inclui Bolsonaro e outros aliados, que enfrentam acusações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro. Durante o ato, Bolsonaro fez questão de afirmar que não tem "obsessão pelo poder", mas sim amor pelo Brasil, e declarou que não deixará o país. Em sua fala, ele criticou abertamente o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e questionou a veracidade da denúncia que está sendo processada contra ele. O ex-presidente também aproveitou para pedir uma anistia para aqueles envolvidos nos atos do 8 de janeiro.
De acordo com diferentes fontes, a estimativa de público no evento variou bastante. A Polícia Militar do Rio de Janeiro chegou a afirmar que 400 mil pessoas participaram da manifestação, enquanto o instituto Datafolha calculou um público de 30 mil. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), utilizando um programa de estimativa, apontaram que cerca de 18.300 pessoas estavam presentes no local. A discrepância entre os números reflete a polarização política e a dificuldade de mensurar com precisão a dimensão do evento.
Bolsonaro, visivelmente emocionado, discursou por cerca de 40 minutos e, ao longo de sua fala, fez questão de ressaltar que muitas das pessoas presentes no evento eram mulheres, destacando as dificuldades enfrentadas por algumas delas, especialmente aquelas que estão presas por sua participação nos acontecimentos de 8 de janeiro. Em um momento da fala, o ex-presidente parou para solicitar atendimento médico a uma pessoa do público que passou mal devido ao calor intenso na cidade, com temperaturas atingindo os 30°C. Ele também abordou o que chamou de perseguição política contra ele e seus apoiadores, mencionando a situação dos refugiados brasileiros e os processos judiciais que lhe são atribuídos.
Bolsonaro fez críticas severas ao Supremo Tribunal Federal, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de conduzir inquéritos secretos. Ele também repetiu alegações de perseguição política durante sua campanha presidencial de 2022 e reafirmou a ideia de que as investigações contra ele não tinham fundamento. Outro tema abordado pelo ex-presidente foi a tentativa de desconstruir narrativas negativas em relação ao seu governo, como as investigações sobre joias sauditas e a falsificação de comprovantes de vacinação. Em tom firme, ele declarou que "sobrou só a fumaça do golpe", minimizando as acusações contra ele.
O evento contou com a presença de diversos aliados políticos, como governadores, deputados federais e senadores, que subiram ao trio elétrico montado para a manifestação. Entre as figuras políticas de destaque, estavam os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e Jorginho Melo (PL-SC), além do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Também marcaram presença no ato parlamentares como os senadores Flávio Bolsonaro (RJ) e Magno Malta (ES), e diversos deputados federais alinhados com o ex-presidente.
Além das manifestações de apoio a Bolsonaro, muitos dos presentes aproveitaram o evento para pedir a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A proposta, que tem o apoio de vários parlamentares do PL, segue sendo discutida na Câmara dos Deputados, mas enfrenta resistência, especialmente de figuras influentes como o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que busca evitar um confronto maior com o STF. Mesmo com as dificuldades, a defesa da anistia foi um dos principais focos do ato.
O evento também teve repercussão internacional, com a presença de figuras políticas que buscam chamar a atenção de autoridades estrangeiras, em particular dos Estados Unidos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi um dos mencionados, já que mantém estreitos laços com o ex-presidente americano Donald Trump, e suas tentativas de influenciar autoridades estrangeiras sobre a situação política no Brasil geraram críticas de partidos de esquerda. O filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, também esteve no ato, representando a família e demonstrando apoio ao movimento.
O julgamento da denúncia contra Bolsonaro, que será analisada pela 1ª Turma do STF em três sessões marcadas para o final de março, será um dos próximos passos cruciais para o futuro político do ex-presidente. Se a denúncia for aceita, ele se tornará réu e passará a responder criminalmente pelo processo. O desenrolar desse julgamento será observado de perto, já que pode determinar novas reviravoltas na política brasileira.