Social-democratas sofrem derrota histórica na Alemanha

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A derrota do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) nas eleições antecipadas deste domingo marca um momento histórico na política alemã. O partido, que há apenas três anos havia liderado a formação do governo sob o comando do chanceler Olaf Scholz, obteve apenas 16,3% dos votos, uma queda significativa em comparação com a eleição anterior. Com esse resultado, o SPD foi superado pela União Democrata Cristã (CDU) e pela Alternativa para a Alemanha (AfD), tornando-se apenas a terceira força política do país.


A impopularidade de Scholz foi um fator determinante para esse desempenho abaixo do esperado. O chanceler federal, que chegou ao cargo em 2021 após costurar uma aliança inédita com os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP), enfrentou diversos desafios ao longo de seu mandato. Entre eles, a inflação persistente, o declínio econômico do país e a falta de coesão dentro da própria coalizão governista.


Em novembro de 2024, a situação se agravou quando o FDP decidiu abandonar a aliança, alegando divergências irreconciliáveis com o SPD e os Verdes. A ruptura levou ao colapso da coalizão, forçando Scholz a convocar eleições antecipadas. Sem apoio parlamentar suficiente para sustentar seu governo, o chanceler enfrentou uma campanha eleitoral difícil, marcada por críticas à sua gestão e por uma oposição fortalecida.


O resultado desse pleito coloca a CDU na posição de partido mais votado, ainda que sem maioria absoluta. Isso significa que seu líder, Friedrich Merz, precisará negociar a formação de uma nova coalizão para garantir estabilidade ao governo. Enquanto isso, Scholz permanecerá interinamente no cargo até que o processo de transição seja concluído.


O SPD não enfrentava uma derrota tão expressiva desde o século XIX. Os 16,3% de votos representam um dos piores desempenhos eleitorais do partido, que, ao longo de sua história, sempre ocupou uma posição de destaque na política alemã. Em 1933, por exemplo, sob o governo nazista, o partido ficou abaixo dos 20%, mas o contexto daquela eleição era completamente diferente, marcado por repressão e intimidação política.


A breve era Scholz se encerra com um legado de dificuldades e desafios não superados. Sua coalizão, apelidada de "semáforo" devido às cores dos partidos que a compunham, sempre teve dificuldades para chegar a consensos, especialmente em temas econômicos e fiscais. A falta de unidade dentro do governo e as constantes disputas internas acabaram desgastando a imagem do chanceler perante a opinião pública.


A campanha eleitoral de Scholz tentou enfatizar crescimento econômico e segurança, mas não conseguiu convencer o eleitorado. Sua estratégia foi mantê-lo como candidato, apesar da baixa popularidade, o que se mostrou um erro estratégico diante do avanço da CDU e da AfD. O SPD agora enfrenta o desafio de se reestruturar e redefinir seu papel na política alemã, enquanto a nova liderança conservadora se prepara para assumir o governo.


A eleição alemã foi acompanhada de perto por toda a Europa, dada a importância do país no cenário político e econômico do continente. A transição de poder poderá impactar as relações internacionais, especialmente no contexto da União Europeia e na abordagem do país diante da guerra na Ucrânia. Friedrich Merz terá o desafio de reconstruir a confiança dos alemães na política e buscar soluções para os problemas econômicos que marcaram o fim do governo Scholz.


O desfecho desse pleito deixa claro que os eleitores alemães estavam insatisfeitos com o atual governo e optaram por mudanças. Com o SPD relegado ao terceiro lugar e a extrema-direita ganhando força, o novo governo terá que lidar com um Parlamento fragmentado e buscar alianças estratégicas para garantir a governabilidade do país nos próximos anos.

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