De acordo com o PCO, a acusação carece de uma base factual sólida e se sustenta unicamente em interpretações subjetivas e suposições sobre o “contexto” político do momento. Em seu comunicado, o partido reforçou que as mais de 250 páginas do documento da Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentam indícios de crimes específicos cometidos por Bolsonaro. Pelo contrário, a acusação parece ser mais uma narrativa construída com o intuito de justificar uma condenação já pré-determinada. O PCO afirma que essa ação representa um abuso de poder, já que, segundo a sigla, a denúncia não se baseia em fatos comprováveis, mas em uma retórica que busca deslegitimar a oposição política.
A crítica do PCO vai além das alegações de falta de provas e questiona o próprio papel das instituições envolvidas no processo. O partido acusa o Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR e a Polícia Federal de estarem envolvidos em uma articulação política para perseguir lideranças contrárias ao regime atual. Em suas redes sociais, a legenda afirmou que essas instituições estão usando seu poder para manipular o sistema judiciário em benefício de interesses políticos específicos, especialmente para consolidar um controle sobre as figuras políticas da direita.
O PCO também comparou a ação do procurador com outros eventos políticos recentes, como a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que declarou Bolsonaro inelegível, o que o partido considera outro exemplo de abuso de poder. A sigla argumenta que as ações das instituições do sistema judiciário brasileiro têm se mostrado cada vez mais voltadas para enfraquecer e até mesmo criminalizar a oposição política, utilizando-se da Lei para fins de repressão política. Para o PCO, a denúncia de Gonet é mais uma etapa dentro de um processo de repressão política que visa calar vozes dissidentes e garantir o domínio das elites econômicas sobre o Brasil.
No entanto, o PCO também faz uma análise do contexto mais amplo dessa situação. A denúncia de Gonet, segundo o partido, surge em um período de intensa polarização política no Brasil, que tem suas raízes no impeachment de Dilma Rousseff em 2016, um evento que o partido considera um golpe de Estado articulado por setores do Judiciário e da mídia. A partir dessa perspectiva, o PCO vê as ações de Gonet e das instituições do Estado como parte de um esforço para manter a ordem política estabelecida, silenciando qualquer resistência, principalmente da oposição à direita, como a liderada por Bolsonaro.
O partido ainda argumenta que a denúncia não aponta para atos ilícitos concretos cometidos por Bolsonaro, mas é construída em torno de uma “história” fabricada para incriminá-lo. Para o PCO, esse tipo de ação coloca em risco a segurança jurídica do país, pois ameaça a garantia de que um acusado só pode ser condenado com base em provas objetivas de um crime. A sigla acredita que, se esse tipo de processo continuar, o Brasil caminhará para um cenário autoritário, em que o direito à oposição política será progressivamente restringido.
Embora o PCO seja um partido de esquerda, a defesa que faz de Bolsonaro neste caso revela uma convergência de preocupações com o uso do sistema judiciário para fins políticos. O partido vê a instrumentalização das instituições estatais para fins políticos como um perigo que não afeta apenas uma parte do espectro político, mas pode atingir todos os setores da oposição, independentemente de sua ideologia. Esse tipo de ameaça, segundo o PCO, é uma preocupação que transcende os interesses partidários e pode afetar a democracia como um todo.
Esse episódio também abre uma série de questões sobre os limites do uso do poder judiciário no Brasil. O PCO alerta para o risco de um precedente perigoso caso o STF aceite a denúncia e a torne um processo judicial de longo prazo. Segundo o partido, isso poderia estabelecer um modelo de judicialização da política, em que qualquer crítica ao sistema eleitoral ou ao Judiciário poderia ser criminalizada. Além disso, a sigla aponta que, caso o processo avance, pode haver um aumento das tensões entre os poderes da República, o que só agravaria a crise política e institucional do país.
No fim, o PCO conclui que a denúncia de Gonet e as ações subsequentes das instituições envolvidas representam um marco importante em uma fase crítica da história do Brasil. Para a sigla, o país se encontra em um momento decisivo, onde a democracia e os direitos fundamentais estão em risco, podendo levar a um regime mais autoritário se as instituições continuarem a agir dessa forma. O futuro político de Bolsonaro, assim como o equilíbrio entre os poderes, dependerá, segundo o PCO, da forma como o caso se desenrolar e das decisões que serão tomadas pelas autoridades judiciárias nas próximas semanas e meses.