Os pedidos de prorrogação de prazo foram apresentados pelas defesas dos envolvidos com o argumento de que havia dificuldades no acesso aos documentos relacionados à investigação. Contudo, Moraes, em sua decisão, foi firme ao afirmar que todos os elementos necessários para a manifestação dos acusados já estavam à disposição e que, portanto, o prazo originalmente estabelecido deveria ser cumprido. Para o ministro, a alegação de que os acusados não tiveram tempo suficiente para analisar os documentos não era justificativa válida, uma vez que o processo já se arrasta por um bom tempo e as peças do caso estavam acessíveis.
A defesa de Braga Netto, por exemplo, argumentou que a manifestação deveria ocorrer após o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que celebrou um acordo de delação premiada. No entanto, o ministro não acatou essa alegação. Para Moraes, a legislação não permite que a manifestação de defesa seja adiada em função de depoimentos de delatores, sobretudo em uma fase processual como a atual, que é anterior ao oferecimento da denúncia.
Além de Braga Netto, Silvinei Vasques e Filipe Martins também buscaram a prorrogação de prazo, alegando dificuldades no acesso aos autos. Os advogados de Vasques afirmaram que o tempo disponível para a análise dos documentos era insuficiente, enquanto os representantes de Martins alegaram que o conteúdo só foi disponibilizado após a liberação de Moraes, o que, segundo eles, inviabilizaria a construção de uma resposta adequada dentro do prazo de 15 dias.
Apesar dessas alegações, Moraes manteve sua postura rigorosa e negou os pedidos, destacando que a investigação já estava suficientemente avançada e que não havia razão para modificar os prazos estabelecidos. Esse posicionamento reforça a postura firme do ministro em relação ao caso, que vem sendo considerado um dos mais delicados e de alto impacto da política brasileira nos últimos anos.
Um dos elementos centrais dessa investigação é o depoimento de Mauro Cid, cujo acordo de delação premiada trouxe informações cruciais para o andamento do processo. No entanto, Moraes deixou claro que os denunciados não têm direito automático de acesso ao conteúdo completo da colaboração, o que gerou um embate jurídico. A defesa de Braga Netto, ao tentar condicionar sua manifestação ao depoimento de Cid, foi considerada improcedente. Moraes destacou que a legislação não prevê tal obrigação, e que o sigilo sobre os depoimentos, mesmo em casos de colaboração premiada, é uma prática comum até o momento em que a denúncia formal seja oferecida.
Com a decisão de não prorrogar os prazos, o processo segue seu curso e as defesas terão que apresentar suas manifestações dentro do período estipulado. Esse movimento estabelece uma nova fase da investigação, em que as declarações dos acusados ganham grande relevância e poderão influenciar diretamente o rumo do caso. A expectativa nos bastidores é grande, não apenas devido à relevância política das figuras envolvidas, mas também pelo possível impacto das revelações feitas por Mauro Cid e o que elas podem significar para a continuidade do processo.
O desenrolar da investigação também está sendo acompanhado com grande atenção pela classe política, especialmente pela oposição ao governo atual. Cada decisão judicial tem o potencial de gerar novos questionamentos e pode ser utilizada politicamente. Além disso, surgem dúvidas sobre a real motivação das defesas ao solicitarem mais tempo: teriam realmente encontrado dificuldades no acesso aos documentos ou estariam tentando, de alguma forma, ganhar tempo para organizar uma estratégia de defesa mais robusta? E o depoimento de Mauro Cid, que ainda pode trazer mais revelações comprometedoras, será determinante para os rumos do caso.
Com a negativa do pedido de prorrogação, a pressão sobre as defesas aumenta, e o STF segue conduzindo a investigação de maneira rigorosa. A expectativa é de que, nos próximos dias, novas informações venham à tona, especialmente em relação à delação premiada de Mauro Cid. O mistério em torno do suposto plano de golpe de Estado de 2022 continua, e cada movimento no campo jurídico pode significar uma mudança significativa na peça de xadrez política que está em jogo. O desfecho ainda está longe de ser definitivo, mas a decisão de Moraes marca um ponto de inflexão importante nesse processo que promete ainda render muitos capítulos.