Durante seu discurso, o presidente se mostrou surpreso com a ausência de Castro, que, segundo ele, havia sido convidado para o evento. "O governador foi convidado e não veio. Eu não quero saber de que partido é o governador, que time ele torce, que religião ele é. Eu quero saber que, bem ou mal, eles são eleitos pelo povo e ele foi convidado para vir aqui", afirmou Lula, enfatizando que a ausência de Castro não teve relação com questões partidárias ou pessoais, mas com a responsabilidade de liderar um Estado. "Eu convido todos os governadores, até aqueles que, de forma irresponsável, fazem críticas ao meu governo", continuou, dirigindo-se diretamente ao governador.
O presidente ressaltou ainda que a presença de Castro seria importante para o diálogo sobre questões cruciais, como a situação da saúde no estado do Rio de Janeiro, que estava em pauta na cerimônia. "Ele poderia ter vindo aqui e feito um discurso para falar como o Estado vai lidar com a saúde", sugeriu Lula, destacando a relevância de um trabalho conjunto entre as esferas estadual e federal.
A ausência de Cláudio Castro no evento ocorre em um contexto de relações tensas entre o governador e o governo federal. Em dezembro de 2024, o governador do Rio de Janeiro criticou duramente a medida do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que visava regular o uso da força por policiais em todo o país. Na ocasião, Castro qualificou a ação como "absurdo" e uma "vergonha", afirmando que os policiais estaduais seriam obrigados a pedir licença a "burocratas de plantão em Brasília". O governador, então, pediu ao Congresso Nacional que se posicionasse contra o decreto.
A tensão entre Castro e o governo de Lula se reflete nas declarações públicas e na postura do governador, que até agora não comentou as palavras do presidente durante o evento em Bonsucesso. A CNN Brasil procurou o governador para um posicionamento sobre o assunto, mas ainda aguarda uma resposta. O espaço para manifestação de Cláudio Castro segue aberto.
A ausência de figuras políticas em eventos importantes do governo federal, especialmente em um momento em que a saúde e a infraestrutura são temas centrais de discussão, evidencia a complexidade das relações políticas no Brasil. A colaboração entre diferentes níveis de governo é vista por muitos como essencial para a superação de desafios como os enfrentados pelo sistema de saúde pública, que continua a ser uma das áreas mais sensíveis para a população brasileira. A entrega da nova emergência no Hospital Federal de Bonsucesso, por exemplo, é uma tentativa de melhorar a infraestrutura de saúde no estado, mas sua eficácia depende da cooperação entre o governo federal e o estadual.
Em meio a esses desafios, o prefeito Eduardo Paes, que participou do evento ao lado de Lula, também fez questão de reforçar a importância do trabalho conjunto entre as esferas municipal, estadual e federal. Paes, que tem se mostrado aliado do presidente, destacou os esforços da prefeitura do Rio de Janeiro para melhorar o sistema de saúde e garantir que a população tenha acesso a serviços médicos de qualidade. A parceria entre Paes e Lula, que remonta a períodos anteriores de governo, continua a ser um ponto de estabilidade na política fluminense, especialmente em tempos de divergências políticas com outros governantes.
A situação também levanta questões sobre as relações políticas no Brasil, especialmente em um ano de eleições e possíveis movimentações eleitorais para as próximas disputas. A postura de Cláudio Castro, ao evitar comparecer a eventos importantes do governo federal, pode ser vista como uma estratégia para manter uma distância política de Lula, embora também coloque em xeque a eficácia de uma postura isolada, especialmente quando se trata de temas que afetam diretamente a população.
A ausência de Cláudio Castro em eventos como o de Bonsucesso não é apenas um reflexo de disputas políticas, mas também de um cenário mais amplo, em que o Brasil enfrenta desafios na área da saúde e outros setores essenciais. Neste contexto, o governo de Lula continua a buscar apoio e colaboração de outros governantes, mesmo diante das diferenças políticas e ideológicas que permeiam o cenário político nacional.