O juiz alegou que Marçal usou suas redes sociais para oferecer apoio político a candidatos a vereador de partidos não alinhados à esquerda, em troca de doações para sua própria campanha. Os vídeos promovidos por Marçal seriam uma espécie de contrapartida por contribuições de R$ 5 mil, de acordo com a decisão do magistrado. Além disso, o empresário teria utilizado suas plataformas digitais para espalhar fake news sobre o sistema de arrecadação eleitoral e, também, para realizar propaganda negativa contra seus adversários políticos, especialmente em relação àqueles que usaram recursos públicos em suas campanhas. Em sua decisão, o juiz citou um dos vídeos de Marçal, onde ele afirmava que estava concorrendo em uma eleição "desleal", onde não usava dinheiro público, ao contrário de seus adversários, que, segundo ele, gastavam "100 milhões de reais para fazer propaganda enganosa".
O magistrado também destacou que a acusação não foi refutada pela defesa de Marçal, já que ele próprio havia confirmado o recebimento das doações que surgiram a partir da divulgação dos vídeos. A decisão foi clara ao afirmar que a atitude do empresário violou as normas eleitorais brasileiras, configurando uma fraude legal caracterizada pelo abuso de poder político e econômico.
Em resposta à condenação, a defesa de Pablo Marçal, representada por Paulo Hamilton Siqueira Jr., coordenador jurídico de sua campanha, afirmou que o conteúdo probatório apresentado nas ações não é suficiente para justificar a decisão tomada pela Justiça Eleitoral. De acordo com Siqueira Jr., será apresentado um recurso ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) para tentar reverter a decisão. A defesa argumenta que os elementos apresentados não são sólidos o bastante para fundamentar uma ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e que o caso será reavaliado em instâncias superiores.
A ação de investigação foi movida por Boulos e sua coligação, que são adversários políticos de Marçal. A coligação de Boulos era formada por partidos como PSOL, Rede, PT, PCdoB, PV e PDT, que disputavam as eleições municipais com o objetivo de conquistar a Prefeitura de São Paulo. O caso evidencia as tensões e acusações típicas de um período eleitoral, onde denúncias de abuso de poder econômico e político ganham destaque, principalmente quando envolvem o uso de novas tecnologias e redes sociais para influenciar o eleitorado.
Em janeiro de 2025, Marçal já havia anunciado sua intenção de se candidatar à Presidência da República em 2026. Com a decisão judicial, ele ficará inelegível até 2032, o que comprometerá seus planos para a próxima eleição presidencial. A condenação também serve como um alerta para a classe política sobre a fiscalização rigorosa da Justiça Eleitoral em relação à utilização de recursos financeiros e à propagação de informações nas redes sociais durante o período eleitoral.
Além de sua carreira política, Pablo Marçal é conhecido por sua atuação como empresário e por ser uma figura polêmica no cenário político, especialmente por suas declarações e posicionamentos sobre questões relacionadas ao sistema eleitoral e à administração pública. A condenação à inelegibilidade coloca em dúvida a viabilidade de sua candidatura futura, ao mesmo tempo em que alimenta o debate sobre as práticas de campanha e a regulação do uso das plataformas digitais nas eleições.
O caso ainda segue em desenvolvimento, com a possibilidade de novos desdobramentos legais. A defesa de Marçal espera que o recurso seja aceito pelo TRE-SP e que a decisão seja revista. Contudo, a condenação do empresário já se tornou um marco no processo eleitoral de São Paulo e promete influenciar o comportamento de outros candidatos nas próximas eleições.