Trump: “Adoraria ver o Canadá ser o 51º estado” dos EUA

Caio Tomahawk

Em uma declaração polêmica feita nesta sexta-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou seu desejo de ver o Canadá se tornar o 51º estado da União. Durante uma viagem à Carolina do Norte, a primeira desde que assumiu a presidência, Trump afirmou que os canadenses se beneficiariam consideravelmente se o país fosse anexado aos Estados Unidos, sugerindo uma série de vantagens econômicas e sociais para os cidadãos canadenses.

“Adoraria ver o Canadá ser o 51º estado. Eles seriam muito favorecidos com isso”, disse Trump. Ele destacou que, ao longo dos anos, o Canadá teria sido “muito desagradável” com os Estados Unidos, especialmente nas questões de trocas comerciais, e o classificou como “muito injusto” nesse campo. Trump alegou que os canadenses enfrentam altos impostos e que a incorporação do Canadá aos Estados Unidos poderia resultar em uma redução significativa das taxas para os cidadãos canadenses, além de aliviar outras questões relacionadas ao governo, como o financiamento do Exército e a implementação de políticas sociais.

Na visão do presidente, os canadenses poderiam se beneficiar de um sistema de saúde mais eficiente e melhor organizado, comparado ao que eles têm atualmente, se o Canadá fosse integrado aos Estados Unidos. Trump afirmou que acreditava que, se essa ideia fosse devidamente explicada, muitos canadenses veriam isso de forma positiva.

“Se eles (os canadenses) se tornassem parte dos Estados Unidos, teriam um grande corte de taxas, porque são muito taxados. Não precisariam se preocupar com o Exército, não precisariam se preocupar com muitas das coisas. Teriam melhores condições de saúde, muito melhores. Acho que as pessoas do Canadá gostariam disso, se fosse explicado para elas”, declarou o presidente.

Trump, que sempre foi crítico das políticas comerciais do Canadá, também argumentou que os Estados Unidos perdem, anualmente, cerca de 200 bilhões de dólares devido ao superávit comercial do Canadá, sugerindo que o país vizinho não oferece produtos indispensáveis para os americanos. O presidente insistiu que os Estados Unidos já produzem os mesmos bens que o Canadá, como carros e alimentos, e que não precisariam da importação desses itens.

O comentário de Trump ainda incluiu uma crítica ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que anunciou sua renúncia no início de janeiro, mas continuaria exercendo suas funções até que um novo líder fosse eleito. Durante a coletiva, Trump fez uma referência irônica ao premiê, chamando-o de “governador Trudeau”, uma alusão ao seu desejo de ver o Canadá sob uma forma mais subordinada aos interesses dos Estados Unidos. Trump revelou que, em uma conversa com Trudeau, questionou o primeiro-ministro sobre o superávit comercial do Canadá e não obteve uma resposta satisfatória. Segundo Trump, ele teria perguntado a Trudeau o que aconteceria se os Estados Unidos deixassem de financiar o Canadá com esse montante anual e recebeu como resposta que o país se tornaria uma nação fracassada.

“Eu disse a ele, ‘você acha que é justo que estamos pagando 200 bilhões de dólares para manter o Canadá funcionando?’ Eu perguntei, ‘o que acha que aconteceria se nós não fizéssemos isso?’. E ele respondeu que o Canadá seria uma nação fracassada. Então eu disse, ‘então você deveria ser um estado. Por que estamos pagando todo esse dinheiro para o Canadá quando podemos usá-lo para nós mesmos?’”, contou Trump.

No início deste ano, o presidente havia publicado um mapa sugerindo a anexação do Canadá aos Estados Unidos, um gesto que provocou uma reação negativa por parte de autoridades canadenses. O próprio Justin Trudeau, em resposta à sugestão de Trump, afirmou categoricamente que não haveria “a menor chance” de que o Canadá se tornasse parte dos Estados Unidos. As declarações de Trump sobre a ideia de anexação e a sugestão de que o Canadá poderia ser mais bem-sucedido como um estado americano já haviam gerado controvérsias, mas agora, com o discurso realizado na Carolina do Norte, essas discussões voltaram a ganhar destaque.

A ideia de que o Canadá poderia se tornar o 51º estado dos Estados Unidos tem sido um tema marginal nas discussões políticas entre os dois países, mas as palavras de Trump reacenderam o debate sobre a natureza das relações comerciais e políticas entre os vizinhos. A postura do presidente americano, que há muito tempo critica acordos comerciais internacionais e as práticas de outros países, reflete sua abordagem de confrontação no cenário global, especialmente quando se trata das relações bilaterais entre os Estados Unidos e o Canadá.

As chances de o Canadá se tornar um estado dos EUA são extremamente improváveis, dada a postura do governo canadense e a forte identidade nacional do país. No entanto, as declarações de Trump continuam a atrair atenção, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá, e devem continuar sendo um ponto de debate, especialmente com a renúncia de Trudeau e as futuras eleições no Canadá.

Embora as ideias de Trump sobre a anexação sejam vistas por muitos como uma provocação, a verdade é que suas palavras sempre têm o poder de gerar discussões intensas e reações internacionais. A possível mudança nas relações comerciais e políticas entre os dois países continua sendo um tema central nas análises da política externa americana.

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