A mudança, que também foi comemorada por outros políticos e apoiadores de Bolsonaro, está relacionada a uma reformulação nas políticas de governança de conteúdo da Meta, que agora pretende substituir os verificadores de fatos por um sistema de "notas da comunidade". Mark Zuckerberg explicou, em vídeo divulgado pela empresa no início do mês, que a meta da companhia é reduzir a quantidade de erros relacionados à remoção acidental de publicações e perfis, além de dar mais espaço para os usuários se expressarem sem as restrições impostas pelo programa de checagem de fatos. "É hora de voltar às nossas raízes em torno da liberdade de expressão. Estamos substituindo verificadores de fatos pelo [recurso] notas da comunidade, simplificando nossas políticas e focando em reduzir erros", afirmou o CEO da Meta.
A decisão da Meta reflete uma tendência maior no setor tecnológico, com várias empresas buscando se distanciar de práticas de moderação de conteúdo que muitos consideram excessivamente rigorosas ou enviesadas. As novas diretrizes foram anunciadas por Zuckerberg no dia 7 de janeiro e, desde então, geraram grande repercussão nos Estados Unidos e em outros países. Para os políticos e figuras públicas de direita, a mudança é vista como um passo na direção certa, já que o sistema de verificação de fatos havia sido amplamente criticado por setores conservadores que consideram essas checagens tendenciosas ou politicamente motivadas.
No entanto, a decisão da Meta não passou despercebida no Brasil. A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com um pedido de explicações junto à empresa, questionando como a descontinuação do programa de checagem de fatos nos Estados Unidos poderia impactar o país. Em um comunicado, a AGU expressou preocupação com os efeitos negativos que a medida poderia gerar, ressaltando que as grandes empresas de tecnologia, como a Meta, devem assumir responsabilidades em relação ao ambiente informacional na internet. Para a AGU, é necessário que as plataformas tomem medidas para garantir a integridade das informações e mitigar os danos potenciais que seus produtos possam causar aos usuários.
Em resposta, a Meta esclareceu que, no momento, o encerramento do programa de verificação de fatos se aplicaria apenas às operações nos Estados Unidos. A empresa garantiu que, no Brasil, o sistema de checagem de fatos continuará em vigor, uma vez que a Meta ainda considera relevante a manutenção dessas medidas no país. Apesar disso, a declaração gerou novas críticas, especialmente de órgãos governamentais e defensores da regulação mais rigorosa das plataformas digitais. A AGU também apontou que a Meta havia contradito suas próprias declarações feitas anteriormente no Brasil, especialmente em relação ao Marco Civil da Internet, que está sendo debatido no Supremo Tribunal Federal (STF). Representantes da Meta haviam garantido, em momentos anteriores, que suas políticas de governança eram suficientes para proteger os direitos dos usuários.
Essa situação coloca novamente em foco o debate sobre o papel das grandes plataformas digitais na moderação de conteúdo e na disseminação de informações. O anúncio da Meta vem no contexto de uma crescente pressão sobre as empresas de tecnologia, que enfrentam acusações de censura, viés ideológico e falta de transparência em suas políticas. No Brasil, a discussão é ainda mais delicada, pois envolve uma série de disputas jurídicas e políticas relacionadas à regulamentação das redes sociais, especialmente em um momento em que a polarização política no país é intensa.
Para muitos, a decisão da Meta de descontinuar o sistema de verificação de fatos nos Estados Unidos pode ser vista como uma vitória simbólica para os defensores da liberdade de expressão, que consideram que a moderação excessiva de conteúdo prejudica o direito dos usuários de se manifestarem livremente. No entanto, críticos apontam que essa mudança pode abrir espaço para a disseminação de desinformação e fake news, dificultando ainda mais o controle da veracidade das informações que circulam nas redes sociais.
O impacto dessa mudança no Brasil ainda está por ser totalmente avaliado. Embora a AGU tenha exigido explicações da Meta, ainda não se sabe se novas medidas serão adotadas no país ou se o sistema de checagem de fatos será mantido de maneira inalterada. O cenário permanece em aberto, com diversas questões legais e políticas pendentes de solução.