Em poucas palavras, Bolsonaro destrói narrativa de Mauro Cid contra Michelle

Caio Tomahawk

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro manifestou-se nos bastidores após a divulgação do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, cujas declarações vieram à tona no último domingo, dia 26. As informações fazem parte de um acordo de delação premiada firmado por Cid e foram amplamente repercutidas pela mídia. O ponto mais polêmico envolve acusações contra Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, descrita como parte do grupo mais radical que supostamente defendia medidas extremas após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022.

Em conversas reservadas com aliados, Bolsonaro procurou descredibilizar as alegações de Cid, argumentando que o ex-ajudante de ordens não convivia diretamente com Michelle durante o período em que ele frequentava o Palácio da Alvorada. Segundo Bolsonaro, essa falta de proximidade torna improvável que Cid tivesse conhecimento das opiniões e posicionamentos pessoais de sua esposa. Para o ex-presidente, a delação não passa de uma tentativa de atacar sua imagem e a de sua família.

Além de Michelle, o depoimento de Mauro Cid cita outras figuras de destaque ligadas ao governo Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro, os ex-ministros Onyx Lorenzoni e Gilson Machado, além dos senadores Jorge Seif e Magno Malta. Cid os apontou como integrantes de uma suposta ala mais extremista, que teria articulado estratégias controversas no período pós-eleitoral. As acusações geraram grande repercussão política, mas também foram alvos de críticas severas por aliados do ex-presidente, que classificaram a delação como uma manobra articulada para desestabilizar Bolsonaro e seu grupo político.

O histórico de Mauro Cid traz elementos que alimentam desconfianças quanto à sua credibilidade. O tenente-coronel já havia sido preso em março de 2024 por descumprir medidas cautelares e por obstrução de Justiça. Na ocasião, áudios vazados revelaram críticas de Cid ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos relacionados ao governo Bolsonaro, e acusações de que teria sido pressionado pela Polícia Federal para apresentar informações sobre eventos que, segundo ele, não aconteceram. Esses episódios reforçam as suspeitas de que a delação pode conter inverdades ou distorções destinadas a proteger o delator ou enfraquecer adversários políticos.

O caso ganhou mais um elemento de tensão quando Bolsonaro sugeriu que a perseguição contra ele e seus aliados é parte de uma estratégia coordenada para deslegitimar seu legado e limitar suas possibilidades políticas no futuro. O ex-presidente também aproveitou a oportunidade para destacar o livro "O Fantasma do Alvorada – A Volta à Cena do Crime", descrito como um documento histórico que expõe as supostas manobras do sistema para manipular os resultados eleitorais de 2022 e perseguir politicamente seus opositores. A obra, que já se tornou um sucesso de vendas, tem sido amplamente promovida como uma denúncia corajosa contra os bastidores do poder no Brasil.

Aliados do ex-presidente reforçam a narrativa de que Bolsonaro é alvo de uma perseguição sem precedentes, que inclui não apenas investigações judiciais, mas também uma campanha midiática com o objetivo de desgastar sua imagem. Para esses apoiadores, as acusações de Mauro Cid fazem parte de um esforço maior para minar a confiança do público em Bolsonaro e em sua família.

Enquanto isso, o clima político no Brasil segue acirrado. A delação de Mauro Cid, combinada com outros episódios recentes, como pedidos de impeachment contra o presidente Lula e acusações de abuso de poder por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal, reflete a instabilidade que continua a marcar o cenário nacional. No Congresso, parlamentares se dividem entre os que apoiam uma investigação mais aprofundada das declarações de Cid e aqueles que defendem Bolsonaro e veem na delação apenas mais um capítulo de uma suposta campanha de perseguição.

Nos bastidores, fontes próximas a Bolsonaro indicam que ele continuará a adotar uma postura combativa diante das acusações, buscando fortalecer sua base de apoio e manter viva a narrativa de que é vítima de um sistema que busca eliminá-lo politicamente. Para o ex-presidente e seus aliados, a disputa não é apenas jurídica ou política, mas também uma batalha pela memória histórica e pela opinião pública.

Enquanto isso, o público segue dividido. Para os críticos de Bolsonaro, as declarações de Mauro Cid representam uma confirmação das suspeitas que sempre pairaram sobre seu governo. Já para seus apoiadores, a delação é vista como mais uma tentativa de desestabilizar um líder popular e combater um movimento político que continua a exercer influência significativa no país. O desenrolar das investigações e o impacto das declarações de Mauro Cid certamente terão um papel central nos rumos do cenário político brasileiro nos próximos meses.


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