Representantes da categoria dos caminhoneiros já se organizaram para discutir os efeitos dessa mudança e os possíveis ajustes que precisam ser feitos para lidar com os novos custos. A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (ABCV) convocou uma reunião nacional para o próximo dia 8 de fevereiro, que ocorrerá no Porto de Santos, em São Paulo. O encontro deve reunir lideranças do setor para analisar as consequências do aumento do diesel e buscar alternativas para mitigar os impactos. A reunião ocorrerá em um momento em que o setor já enfrenta uma série de dificuldades, e o aumento do preço do combustível tem o potencial de agravar ainda mais o quadro.
De acordo com especialistas, o impacto sobre os preços das mercadorias será inevitável, especialmente no caso dos alimentos. O transporte rodoviário é o principal meio de escoamento de produtos no Brasil, e o custo do diesel tem uma relação direta com o preço final dos produtos. A expectativa é de que os consumidores sintam o aumento nas gôndolas dos supermercados, com elevação no valor de itens essenciais, como grãos, carnes, leite e outros alimentos.
Wallace Landim, presidente da ABCV, expressou sua preocupação com a situação e afirmou que, embora o governo atual tenha feito promessas de apoio ao setor, as medidas até agora não surtiram os efeitos esperados. Para ele, é fundamental que haja uma abertura de diálogo com a gestão do governo federal para evitar que a categoria enfrente mais dificuldades. “No governo anterior, enfrentamos muitas dificuldades, e no atual governo, apesar das promessas, ainda não tivemos muitos avanços. Precisamos discutir com o governo, pois os aumentos estão nos deixando muito preocupados”, disse Landim.
Além do aumento do diesel, outro fator que contribui para o cenário desafiador é o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que também entra em vigor no próximo sábado. O aumento foi aprovado no final de 2024 pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e será mais um peso a ser enfrentado pelo setor de transporte. Esse reajuste no ICMS representa uma elevação adicional no preço final do diesel, o que agrava ainda mais a situação para os caminhoneiros.
Em paralelo a essas mudanças, a Petrobras também decidiu aumentar o preço do diesel em fevereiro, em resposta à defasagem dos preços, que chegou a 15,15% desde o último ajuste, em 2024. Embora a decisão tenha sido tomada com base em uma análise interna da empresa, a elevação nos preços dos combustíveis tende a gerar um efeito em cadeia, que pode impactar negativamente o custo de vida dos brasileiros. O governo federal, que já enfrenta um cenário inflacionário, tem como principal preocupação o impacto sobre os preços dos alimentos, que poderiam sofrer uma alta considerável.
O cenário atual também abre um alerta para o governo, que poderá enfrentar pressões por parte de diversos setores, não apenas o dos caminhoneiros, mas também o dos consumidores e produtores. Para o governo, a situação é delicada, pois uma alta contínua nos preços dos combustíveis pode levar a um aumento da inflação, o que, por sua vez, poderia forçar o Banco Central a adotar medidas de aumento nas taxas de juros. Isso geraria um impacto econômico negativo para toda a população, prejudicando especialmente os mais vulneráveis.
Portanto, o aumento do preço do diesel se configura como um desafio multifacetado, que afeta diretamente o setor de transportes e gera consequências econômicas amplas. As negociações que ocorrerão nas próximas semanas serão cruciais para entender qual será o posicionamento do governo diante dessa crise e como ele pretende equilibrar os interesses das diferentes partes envolvidas. A reunião marcada para fevereiro e as discussões sobre possíveis soluções são apenas o início de um processo que promete se intensificar nos próximos meses.