Sóstenes: Gestão Lula ameaçou quem pediu urgência para anistia

LIGA DAS NOTÍCIAS

 O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada do Partido Liberal na Câmara dos Deputados, acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de pressionar parlamentares que assinaram o requerimento de urgência para levar ao plenário o projeto de lei que prevê a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo o deputado, os instrumentos de pressão teriam sido promessas de corte de verbas e retirada de cargos, numa tentativa de dissuadir os parlamentares de manterem o apoio ao texto.


A acusação foi feita após Sóstenes ter decidido protocolar o requerimento com maior celeridade do que o planejado. De acordo com ele, a antecipação foi motivada por telefonemas que recebeu de três deputados que relataram ter sido ameaçados e estariam cogitando retirar suas assinaturas do pedido de urgência. Um dos relatos mencionados por Sóstenes apontava que um parlamentar temia perder a liberação de uma emenda de 25 milhões de reais destinada a programas de saúde, o que, segundo ele, tornava a situação ainda mais grave.


O requerimento de urgência ao projeto da anistia foi protocolado com 264 assinaturas. Ainda que duas delas tenham sido invalidadas por razões formais, o número final de 262 apoiadores foi suficiente para levar o texto à análise direta do plenário da Câmara, sem a necessidade de tramitação por comissões. A proposta, no entanto, está cercada de polêmica desde sua apresentação, dividindo o Congresso e a opinião pública.


Nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), Sóstenes se pronunciou sobre o episódio. Em tom de denúncia, afirmou que houve uma “pressão covarde do governo” e que, por isso, optou por registrar o documento o quanto antes para evitar recuos de última hora. “Agora está registrado e público: ninguém será pego de surpresa”, escreveu o deputado.


Apesar da gravidade das acusações, integrantes do Palácio do Planalto negaram que as conversas com parlamentares tenham ocorrido em tom de ameaça. Fontes ligadas ao governo afirmaram que o diálogo com os deputados é parte do processo político normal e que em nenhum momento foram feitas ameaças relacionadas a emendas, verbas ou cargos. Segundo essas fontes, o governo tem atuado para manter a estabilidade institucional e respeitar o papel do Legislativo.


A situação intensificou a tensão entre o Planalto e a oposição, especialmente com o PL, que representa a principal força política ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro é defendido por aliados do ex-presidente como uma medida necessária para reparar o que consideram excessos na punição de manifestantes. Por outro lado, setores da base governista e da sociedade civil criticam a proposta, afirmando que ela compromete a responsabilização por ataques que atingiram a sede dos Três Poderes e colocaram em risco o funcionamento da democracia brasileira.


A declaração de Sóstenes ocorre num momento em que o Congresso enfrenta pressões de todos os lados, com uma série de pautas sensíveis tramitando simultaneamente. A proposta de anistia tornou-se uma das mais simbólicas desse embate político, ao colocar em jogo o entendimento sobre os limites da liberdade de expressão e o dever de punir atos considerados golpistas.


Nos bastidores, o episódio relatado pelo líder do PL também acendeu um alerta entre parlamentares do chamado centrão, que observam com cautela os desdobramentos do projeto. Parte desses deputados teme que o envolvimento direto do governo em tentativas de barrar o projeto possa desgastá-lo ainda mais, enquanto outros consideram que a aprovação da anistia pode passar uma mensagem negativa sobre o compromisso do Legislativo com o estado democrático de direito.


A tramitação do projeto ainda promete render muitos debates. Caso a urgência seja aprovada no plenário, a proposta pode ser votada em pouco tempo, intensificando a disputa entre governo e oposição. Além do conteúdo da proposta em si, o episódio revela os bastidores acirrados das articulações políticas em Brasília e expõe as fragilidades nas relações entre Executivo e Legislativo em um ambiente ainda marcado pela polarização.


Enquanto isso, observadores políticos e juristas acompanham com atenção o desenrolar dos acontecimentos, alertando para o impacto que uma possível anistia pode ter sobre o futuro da democracia brasileira. O Supremo Tribunal Federal, que já foi alvo direto dos atos de 8 de janeiro, também segue atento às movimentações do Congresso, num cenário em que a tensão entre os Poderes parece longe de ser arrefecida.

Tags

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Accept !