Erika Hilton tenta a sorte na ONU contra Trump

LIGA DAS NOTÍCIAS

A deputada federal Erika Hilton, do PSOL, deu um passo inédito ao levar à Organização das Nações Unidas (ONU) uma denúncia formal contra o governo dos Estados Unidos. O motivo da ação foi a emissão de um visto diplomático com o gênero masculino, contrariando a identidade de gênero da parlamentar, que é uma mulher trans. A denúncia, que também foi encaminhada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), acusa o governo norte-americano e, particularmente, o presidente Donald Trump, de promover uma política discriminatória e transfóbica.


Segundo Erika Hilton, a atitude dos Estados Unidos representa uma grave violação dos direitos humanos, sobretudo dos direitos das pessoas trans. A parlamentar alega que a administração Trump adotou posturas hostis contra a população LGBTQIA+, culminando na ordem executiva assinada recentemente pelo presidente, na qual o governo federal norte-americano reconhece legalmente apenas os gêneros masculino e feminino. Para Erika, essa política desconsidera a existência de pessoas trans e não-binárias, promovendo uma exclusão institucionalizada que contraria tratados internacionais de direitos humanos.


A denúncia apresentada na ONU conta com o apoio de 168 parlamentares de diversos partidos e espectros ideológicos. O documento entregue ao Alto Comando para os Direitos Humanos destaca que, ao negar a identidade de gênero de uma representante eleita de outro país, os Estados Unidos violam princípios diplomáticos básicos e afrontam os esforços internacionais de inclusão e respeito à diversidade. No texto, os signatários classificam o ato como um exemplo claro de violência simbólica e transfóbica por parte de uma potência global.


Além da correção do documento diplomático, Erika Hilton solicita que a ONU e a CIDH se manifestem sobre o posicionamento do governo dos EUA e cobrem medidas corretivas. Em suas palavras, não se trata apenas de uma questão pessoal, mas de uma luta coletiva por reconhecimento e dignidade. A parlamentar reafirmou seu compromisso com a pauta dos direitos humanos e declarou que não se calará diante de ações que busquem apagar ou deslegitimar a existência de pessoas trans.


A resposta da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil veio por meio de uma nota lacônica. A representação diplomática afirmou que, conforme a legislação americana, os registros de vistos são confidenciais e, por isso, não comentaria casos específicos. A nota não menciona diretamente o nome da deputada nem o conteúdo das acusações, o que, segundo Erika, apenas reforça a falta de transparência e o desrespeito com que o caso está sendo tratado.


A movimentação de Erika Hilton gerou reações diversas no cenário político brasileiro. Enquanto aliados e ativistas dos direitos LGBTQIA+ manifestaram apoio irrestrito à deputada, setores mais conservadores criticaram a iniciativa, alegando que se trata de uma tentativa de internacionalizar um conflito de natureza administrativa. Parlamentares alinhados ao governo Trump classificaram a denúncia como “teatral” e acusaram Erika de usar o caso para autopromoção.


Por outro lado, juristas e especialistas em relações internacionais ressaltaram que o caso levanta questões relevantes sobre o tratamento dado a parlamentares estrangeiros em missões diplomáticas. Para eles, mesmo que a política interna dos EUA esteja respaldada por decisões executivas, há compromissos internacionais que exigem o respeito à identidade de gênero reconhecida oficialmente pelo país de origem do visitante. Assim, a decisão de emitir um visto com dados que contrariam documentos brasileiros pode ser entendida como uma violação do princípio de reciprocidade.


O episódio também reacendeu o debate sobre a política de Donald Trump em relação aos direitos civis. Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, Trump vem promovendo uma série de medidas que revogam avanços obtidos em administrações anteriores. A restrição ao reconhecimento de identidades de gênero diversas é uma das marcas desse segundo mandato, o que tem provocado protestos em diversas partes do mundo.


Erika Hilton, que já havia ganhado notoriedade nacional por sua atuação parlamentar e defesa dos direitos da população LGBTQIA+, agora amplia sua projeção internacional ao desafiar diretamente uma das maiores potências do planeta. Em pronunciamento à imprensa, ela afirmou que continuará utilizando todos os meios legais e diplomáticos para garantir que sua identidade seja respeitada e para que outras pessoas trans não enfrentem situações semelhantes.


O caso segue em análise tanto na ONU quanto na CIDH, e a expectativa é que as organizações internacionais se pronunciem nas próximas semanas. Enquanto isso, o gesto da deputada federal brasileira provoca reflexões sobre os limites da diplomacia, os direitos das minorias em contextos conservadores e o papel das instituições globais na mediação de conflitos envolvendo direitos humanos.

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