“Ela pensa em suicídio todos os dias”, relata irmã de presa do 8/1

LIGA DAS NOTÍCIAS

Neste domingo, 6 de abril de 2025, um ato em favor da anistia aos envolvidos nos acontecimentos de 8 de janeiro tomou a Avenida Paulista, em São Paulo, reunindo manifestantes que clamavam pela libertação de aqueles presos por sua participação nos ataques ao Palácio do Planalto. Durante a manifestação, o Pleno.News conversou com Célia Regina, irmã de Adalgiza Maria Dourado, uma das presas em razão desses eventos. Célia, acompanhada do advogado Luiz Felipe Cunha, relatou a difícil situação de sua irmã, que está detida há quase um ano.


Adalgiza, de 65 anos, cumpre pena na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia. Ela foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão por crimes cometidos durante os atos de vandalismo, que incluem associação criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além de danos qualificados e uso de substâncias inflamáveis contra o patrimônio da União. Adalgiza foi presa inicialmente no dia 8 de janeiro de 2023, mas chegou a ser liberada sob a condição de monitoramento eletrônico. No entanto, em junho de 2024, foi novamente detida, após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que alegou o risco de fuga da ré.


De acordo com Célia Regina, a irmã tem enfrentado sérios problemas de saúde mental, incluindo episódios de depressão profunda. A irmã afirmou que Adalgiza pensa em suicídio todos os dias e que a situação dela dentro da prisão é desesperadora. Apesar do sofrimento, o advogado Luiz Felipe Cunha, que representa a idosa, recorreu à Organização dos Estados Americanos (OEA), pedindo uma avaliação sobre a condição da sua cliente, mas até o momento não obteve resposta.


O movimento em prol da anistia ganhou força nos últimos meses e vem sendo liderado por um grupo crescente de políticos e manifestantes que defendem a revisão das penas de pessoas envolvidas nos eventos de 8 de janeiro, especialmente em relação às sentenças de prisão preventiva e o tratamento dado a idosos e mulheres nas unidades prisionais. As mobilizações têm sido acompanhadas por discussões sobre os direitos humanos, a liberdade de expressão e a interpretação das leis que envolvem o comportamento de manifestantes.


A manifestação deste domingo contou com um número expressivo de pessoas, apesar da chuva e das dificuldades enfrentadas pela organização. Na Avenida Paulista, os manifestantes gritavam palavras de ordem em favor da anistia e pela libertação de pessoas como Adalgiza. Além disso, algumas lideranças políticas, incluindo figuras públicas de destaque, também se fizeram presentes, oferecendo apoio às famílias dos presos e criticando as condições de encarceramento.


Célia Regina ressaltou a importância do movimento para sua irmã e para as demais pessoas que se encontram na mesma situação. Ela acredita que a revisão das penas pode representar uma oportunidade para que aqueles que ainda estão presos possam ser reintegrados à sociedade, especialmente considerando os aspectos da saúde mental e o impacto emocional que o encarceramento tem sobre muitos dos envolvidos.


O advogado Luiz Felipe Cunha, por sua vez, reforçou que a busca pela anistia não significa uma tentativa de justificar os atos de vandalismo, mas sim de garantir que as penas sejam aplicadas de maneira justa, levando em conta as condições de cada preso. Ele enfatizou que o caso de Adalgiza é um exemplo claro das dificuldades enfrentadas por idosos no sistema prisional, uma vez que ela já tem idade avançada e, conforme relatado, enfrenta sérios problemas de saúde.


Enquanto o movimento ganhava força na capital paulista, no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro anunciou que desistiria de participar do ato, alegando dificuldades logísticas devido às chuvas fortes que afetaram o estado. A decisão gerou algumas reações, com críticas a quem optou por não se juntar à manifestação. No entanto, a mobilização em São Paulo continuou firme, com muitos manifestantes buscando fortalecer o apoio à causa e mostrar solidariedade com as famílias afetadas pelas prisões.


A situação de Adalgiza, em particular, tem gerado uma discussão sobre a forma como o sistema de justiça brasileiro trata os idosos e as mulheres em contextos de prisões preventivas e sentenças duras. A pressão sobre as autoridades judiciais continua, com muitos defendendo que o país precisa revisar suas políticas de encarceramento, especialmente no que diz respeito ao tratamento de grupos vulneráveis. Além disso, a atuação de organismos internacionais, como a OEA, poderá ser fundamental para dar visibilidade a esses casos e pressionar o sistema jurídico a reconsiderar certas decisões.


Com a manifestação de domingo ainda em andamento, o debate sobre a anistia segue aquecido, refletindo um momento tenso da política brasileira, no qual as demandas por justiça e liberdade coexistem com as tensões geradas pelos eventos de 8 de janeiro e suas repercussões em todo o país.

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