Em resposta, Zambelli afirmou que Bolsonaro perdeu a eleição por outros fatores e não por conta da situação envolvendo a arma. A deputada declarou em entrevista à CNN Brasil que estava “bastante entristecida” com as palavras do ex-presidente, ressaltando que essa acusação representava um grande peso emocional para ela. Para Zambelli, o episódio não teve impacto decisivo no resultado da eleição.
O comentário de Bolsonaro, feito em uma entrevista a um podcast no último dia 24 de março, acusou diretamente Zambelli de ser responsável pela perda de seu mandato, insinuando que a deputada teria “tirado” sua chance de reeleição. Em sua fala, o ex-presidente mencionou o caso da perseguição armada em São Paulo como um fator crucial na derrota nas urnas.
A deputada, por sua vez, não demonstrou interesse em buscar uma reconciliação com o ex-presidente. “Ele tem o meu telefone. Se ele achar que deve me ligar, ele me liga”, afirmou Zambelli, deixando claro que não tomaria a iniciativa de restabelecer o contato. A relação entre os dois, que antes foi marcada por alianças políticas, agora parece estar em uma fase de distanciamento, refletindo o ambiente tenso entre diversas figuras do bolsonarismo.
A questão legal também segue em aberto. Zambelli está envolvida em um processo judicial relacionado ao episódio da perseguição armada. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu recentemente formar uma maioria para condenar a deputada a cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. No entanto, o julgamento foi suspenso temporariamente devido ao pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, o que adiou a decisão final.
O caso da perseguição armada tem sido um ponto de grande controvérsia desde que aconteceu, a um dia do segundo turno da eleição de 2022. Durante o episódio, Zambelli foi flagrada em um vídeo em que sacava uma arma e perseguia um homem em uma rua de um bairro nobre de São Paulo, acusando-o de ser um opositor de Bolsonaro. O ato gerou críticas tanto pela atitude de Zambelli quanto pela conotação política do evento, exacerbando ainda mais a polarização que já dominava o cenário eleitoral naquele momento.
A acusação de Bolsonaro de que Zambelli teria sido uma das responsáveis por sua derrota nas urnas parece estar alimentando ainda mais a tensão entre diferentes alas do bolsonarismo. A deputada, por sua parte, prefere não atribuir a derrota eleitoral a um único fator, embora reconheça que o episódio tenha sido explorado politicamente para gerar um impacto negativo na imagem de Bolsonaro. Ela reflete sobre o peso dessa acusação, mas mantém sua convicção de que a eleição foi decidida por outros motivos mais complexos do que um incidente isolado.
O cenário político após a eleição de 2022 permanece tenso, com várias figuras importantes do bolsonarismo buscando se reposicionar ou distanciar-se de Bolsonaro à medida que ele enfrenta uma série de investigações e processos judiciais. A figura do ex-presidente continua sendo central para o cenário político de direita, mas a polarização gerada por eventos como o caso da perseguição armada e as discussões sobre a responsabilidade pela derrota eleitoral continuam a dividir aliados e adversários.
A disputa interna no campo da direita, especialmente entre figuras como Zambelli e Bolsonaro, reflete a complexidade das alianças políticas em um contexto de instabilidade e incertezas jurídicas. A relação entre esses dois personagens da política brasileira continua a ser acompanhada com atenção, já que ambos desempenham papéis significativos no futuro do espectro político da extrema direita no Brasil.