De acordo com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, há uma pressão para que o mérito e a urgência do projeto sejam votados logo após o dia 8 de abril. Para isso, o parlamentar carioca pretende se reunir com Hugo Motta e outros líderes partidários que apoiam a proposta no próximo dia 1º de abril. A intenção do PL é garantir que o projeto tenha um caminho rápido na Casa, o que envolveria a votação da urgência logo no início do mês de abril. Cavalcante também afirmou que a base aliada do projeto já conta com a adesão de diversos partidos, incluindo Republicanos, PP, União Brasil, PSD, Podemos, Novo e PSDB, além de estar em negociações com o Solidariedade. Ele acredita que o PL pode contar com o apoio de mais de 300 deputados para garantir a aprovação da proposta.
Entretanto, enquanto isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta, se encontra em viagem oficial ao Japão, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Motta está previsto para retornar ao Brasil na próxima semana. Apesar de sua ausência, as atividades da Câmara têm seguido sem grandes obstáculos. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes, tem comandado as sessões durante a viagem de Motta, e o plenário tem funcionado normalmente, com a votação de pautas mais consensuais.
A oposição tem reagido ao julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) com obstruções. Contudo, as comissões comandadas pelo PL não foram afetadas, o que demonstra que a estratégia da oposição não impediu o andamento de algumas atividades na Câmara. Mesmo assim, a pauta da Casa segue dividida, com o PL tentando garantir a prioridade para a anistia. Ao mesmo tempo, a obstrução dos trabalhos parlamentares pela oposição tem sido uma resposta à articulação do governo em relação ao julgamento de Bolsonaro.
A proposta de anistia continua sendo um tema delicado e controverso dentro do cenário político atual. Enquanto a base do governo vê a medida como uma tentativa de apaziguar as tensões geradas pelos eventos de 8 de janeiro, com manifestações que envolvem membros do governo anterior, o PL busca acelerar a tramitação do projeto, visando principalmente a aprovação antes do início do recesso parlamentar. A expectativa é de que a urgência e o mérito do projeto possam ser discutidos rapidamente após o retorno de Hugo Motta ao Brasil, ainda que o cenário político continue conturbado devido ao julgamento no STF.
O PL, com sua maioria, acredita que a proposta tem um forte respaldo entre os partidos da base aliada, mas a oposição, que já tem se mostrado incomodada com os avanços da pauta, promete dificultar a votação de qualquer proposta que envolva a anistia de envolvidos nos atos de janeiro de 2023. O risco de obstrução por parte da oposição coloca a Câmara em uma posição difícil, especialmente porque a Casa precisa de um consenso para garantir que outras propostas importantes também avancem sem maiores impasses.
Para que o projeto de anistia ganhe maior força, o PL pretende intensificar a articulação política nos próximos dias. A expectativa de mais de 300 votos favoráveis mostra que o partido acredita que o projeto tem a maioria necessária para ser aprovado, mas a resistência do governo e da oposição pode prolongar as negociações. Em um cenário onde a Câmara se vê dividida, o papel de Hugo Motta, ao retornar ao Brasil, será crucial para definir se a proposta terá o apoio necessário para seguir em frente ou se o governo conseguirá barrá-la.
A disputa política envolvendo a anistia é mais um reflexo da polarização que tem marcado o cenário político brasileiro nos últimos tempos. Mesmo com um governo em andamento e com o apoio de sua base, o impasse em torno da proposta demonstra como o equilíbrio de forças pode influenciar as pautas da Câmara. A pressão do PL por uma votação rápida e o apoio de uma base ampla colocam a Câmara em um momento decisivo, que pode determinar o futuro de diversas questões políticas, incluindo a própria relação entre os partidos e o governo federal.