O discurso de Ciro ganha força quando comparado à situação atual da economia brasileira. Sob a administração de Lula, os bancos vêm obtendo lucros astronômicos. Em 2024, os quatro maiores bancos do país, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander, somaram lucros superiores a R$ 100 bilhões. Esses números impressionantes refletem não apenas a força do setor bancário, mas também a continuidade das facilidades concedidas pelo governo, que favorece um modelo econômico baseado em juros elevados e em uma dívida cada vez maior da população. Mesmo com o discurso de justiça social do governo, as medidas que poderiam reduzir os custos financeiros para os cidadãos brasileiros são praticamente inexistentes.
Uma das questões que mais preocupam, segundo Ciro Gomes, é a manutenção de uma das maiores taxas de juros do mundo, o que penaliza principalmente pequenos empresários e aqueles que buscam crédito para as necessidades do dia a dia. Apesar de amplas críticas à alta dos juros, o Banco Central, sob a pressão do governo, não tem demonstrado interesse em reduzir essa taxa, que continua sendo um obstáculo ao crescimento econômico e ao alívio das dívidas de uma população cada vez mais endividada.
Esse cenário de alta de juros e endividamento generalizado se reflete nas dificuldades da população. Hoje, os juros do cartão de crédito superam 400% ao ano, tornando a quitação de dívidas uma missão quase impossível para a grande maioria dos brasileiros. A inadimplência, que atinge mais de 70 milhões de pessoas no país, é uma evidência clara do impacto dessa política econômica nas finanças das famílias, principalmente das de baixa renda. Apesar disso, o governo Lula tem se mostrado omisso em relação a essas questões, não tomando medidas eficazes para reduzir a dependência da população em relação ao sistema bancário tradicional e permitindo que os bancos continuem a lucrar à custa da fragilidade financeira do povo.
Ciro Gomes também destaca um padrão histórico que se repete: os governos do PT, especialmente os de Lula, sempre mantiveram uma relação de proximidade com os grandes bancos, mesmo quando se apresentavam como defensores das camadas mais empobrecidas da sociedade. Durante os mandatos anteriores de Lula, os bancos também viram seus lucros dispararem, mesmo com a implementação de programas sociais como o Bolsa Família, que, embora tenham ajudado milhões a sair da pobreza extrema, não conseguiram implementar reformas estruturais que realmente reduzissem as desigualdades econômicas do país.
No terceiro mandato de Lula, a dinâmica parece se repetir. Apesar de seu discurso de inclusão social, o governo não só mantém essa aliança com o sistema financeiro como também se mostra indiferente à necessidade de uma reforma mais profunda, que busque equilibrar as forças econômicas do país. O ex-ministro acredita que o Brasil precisa de uma mudança estrutural, que envolva a redução do poder dos grandes bancos e a criação de um ambiente mais competitivo, que realmente beneficie a população, ao invés de continuar enriquecendo as corporações financeiras.
Ciro também critica a gestão das finanças públicas por parte do governo. A política de aumento de gastos sem um planejamento adequado pode resultar em um comprometimento ainda maior da economia brasileira no futuro. O ex-ministro alerta para o risco de uma inflação descontrolada, do aumento da dívida pública e do agravamento do custo de vida, caso o governo continue seguindo uma agenda econômica sem fundamentos sólidos. Além disso, a recente tentativa do governo de influenciar a política monetária do Banco Central gera dúvidas sobre a credibilidade do governo e sobre a real intenção de promover o crescimento sustentável do país.
A posição de Ciro Gomes se distancia de algumas vozes dentro da esquerda, já que ele não hesita em apontar os erros do PT, independentemente de sua posição política. Para ele, é preciso ir além das soluções assistencialistas e adotar um projeto de desenvolvimento que ofereça oportunidades reais para todos. O modelo atual, que privilegia os grandes bancos e grandes corporações, deixa a população em uma situação de dependência e vulnerabilidade. Para Ciro, o Brasil precisa de uma nova abordagem econômica, que promova uma verdadeira redistribuição de riquezas e que reduza as disparidades entre as classes sociais.
O Brasil, segundo Ciro, precisa de uma mudança de direção. O governo de Lula, embora continue com o discurso de justiça social, tem se mostrado incapaz de gerar mudanças significativas na estrutura econômica do país. Enquanto os bancos continuam a enriquecer, a população enfrenta dificuldades cada vez maiores para sobreviver em um ambiente de alta inflação, juros elevados e crescimento econômico estagnado. A crítica de Ciro Gomes lança luz sobre as falhas do governo e traz à tona um debate importante sobre o futuro do Brasil e a necessidade de um modelo mais inclusivo e equilibrado para o desenvolvimento econômico do país.