O caso chamou atenção de economistas, especialistas em criptomoedas e políticos, principalmente da oposição, que rapidamente acusaram o presidente de ter agido de forma imprudente e até suspeita. A grande volatilidade da moeda digital, que perdeu cerca de 87 milhões de dólares de seu valor em questão de minutos após alcançar o pico, levantou a possibilidade de que o presidente estivesse envolvido em uma manobra de especulação. O termo utilizado para descrever essa situação foi o de "puxada de tapete" ou “trading digital”, um tipo de golpe no qual quem controla o ativo vende rapidamente, lucrando com informações privilegiadas enquanto investidores novatos sofrem perdas consideráveis.
Após a repercussão negativa, Milei apagou a postagem e emitiu um pedido de desculpas em que afirmou não ter conhecimento dos detalhes do projeto e que, ao se dar conta do ocorrido, decidiu não dar continuidade à divulgação. Ele ainda usou seu perfil no X para atacar a oposição, acusando-os de tentarem tirar proveito da situação para prejudicá-lo. Milei, que já enfrenta críticas de diversos setores da sociedade, foi duro com os políticos que o acusaram de manipulação, acusando-os de serem "ratos imundos" e reafirmando seu compromisso com a "liberdade".
A ex-presidente Cristina Kirchner foi uma das figuras mais vocal sobre o incidente, criticando abertamente Milei e apontando que o episódio revelou o caráter especulativo do governo. Ela comparou a situação a um cassino, no qual o próprio presidente seria o "dealer", manipulando as regras do jogo a seu favor. Kirchner não poupou críticas ao que chamou de uma "liberdade de mercado" que, na visão dela, não passava de um jogo arriscado e desleal com o povo argentino.
Além disso, o deputado Maximiliano Ferraro, da Coalizão Cívica, sugeriu que o caso poderia ser uma manobra de Milei para beneficiar um círculo restrito de investidores próximos ao governo. Ele defendeu a criação de uma comissão no Congresso para investigar a situação e apurar se houve uso indevido de informações privilegiadas. O cenário levantou dúvidas sobre a transparência e a ética por trás da promoção de uma criptomoeda sem a devida regulamentação, algo que poderia afetar não só a economia da Argentina, mas também a confiança dos investidores internacionais.
O episódio também trouxe à tona uma discussão sobre a falta de regulamentação das criptomoedas no país. Especialistas apontaram que o mercado de moedas digitais, ainda emergente, é um ambiente propenso a manipulações desse tipo, principalmente quando se trata de grandes figuras públicas, como presidentes. O lançamento e a promoção de criptomoedas sem a devida supervisão regulatória pode, assim, acabar criando um terreno fértil para fraudes, especulações e prejuízos para investidores desinformados.
Este caso, além de colocar Milei sob os holofotes, também reflete a crescente polarização política na Argentina. Enquanto seus apoiadores o veem como um defensor da liberdade econômica e da redução do papel do Estado, a oposição o acusa de ser irresponsável e de explorar a falta de transparência para beneficiar interesses privados. A crise envolvendo a criptomoeda $Libra adiciona mais um capítulo a essa tensa disputa, que promete continuar dominando o debate político e econômico no país nos próximos dias.
Diante de toda essa repercussão, a Argentina vive um momento de incerteza, com o governo sendo pressionado a prestar mais esclarecimentos sobre o ocorrido. Se as suspeitas de fraude se confirmarem, o presidente pode enfrentar não apenas um desgaste político, mas também implicações legais que poderiam afetar sua imagem tanto no país quanto no exterior.