O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (12) que, caso não seja reeleito em 2026, não irá "fugir" para os Estados Unidos, como fez o ex-presidente Jair Bolsonaro, e garantiu que entregará a faixa presidencial ao vencedor das próximas eleições. A declaração foi dada em uma entrevista à Rádio Diário FM de Macapá, onde Lula fez questão de ressaltar sua disposição em respeitar o resultado eleitoral, mesmo que não saia vitorioso. A crítica de Lula foi direcionada diretamente ao ex-presidente Bolsonaro, que, ao não comparecer à posse de Lula em 2023, viajou para Orlando, deixando de cumprir o ritual simbólico da passagem da faixa presidencial.
Em suas palavras, Lula afirmou que a principal prioridade durante o restante de seu mandato é cumprir as promessas feitas ao povo brasileiro e terminar seu governo com a sensação de dever cumprido. “Eu tenho dois anos muito primorosos na minha vida. Talvez os dois anos mais importantes da minha vida porque eu acho que preciso entregar tudo aquilo que prometi para o povo. E eu quero entregar porque eu quero sair de cabeça erguida como eu entrei, de cabeça erguida descer a rampa e cumprimentar o povo”, disse o presidente, destacando que sua principal preocupação é a entrega dos compromissos assumidos durante sua campanha.
Lula reafirmou que, ao final de seu mandato, ele respeitará o resultado das urnas, independentemente de quem vença a eleição de 2026. “Não quero fugir para Miami, não quero deixar de colocar uma faixa no presidente que ganhar as eleições, não. Quero respeitar o resultado eleitoral e, se alguém ganhar, vou lá entregar a faixa”, completou o presidente, demonstrando que sua postura será de respeito e civilidade, diferentemente do que ocorreu em sua posse, quando Bolsonaro se ausentou do evento.
O tema das eleições de 2026 tem sido abordado com frequência, especialmente com as recentes pesquisas que indicam a avaliação do governo e o cenário eleitoral para os próximos anos. Lula, no entanto, tem demonstrado cautela ao comentar sobre a possibilidade de sua reeleição, afirmando que ainda é muito cedo para discutir essas questões. As pesquisas de intenção de voto já começaram a ser realizadas, mas em muitos casos, Jair Bolsonaro não aparece como possível candidato, uma vez que segue inelegível devido a decisões da Justiça Eleitoral. Mesmo assim, os números indicam que Lula tem boas chances de vencer no primeiro turno contra possíveis adversários da direita, como Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro e Pablo Marçal. No segundo turno, sua vitória também é apontada, mas de maneira mais apertada, com uma disputa mais acirrada.
A postura do presidente, no entanto, gerou reações de alguns aliados políticos e figuras públicas. Em entrevista à CNN, Fábio Wajngarten, assessor de imprensa e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Bolsonaro, criticou as falas de Lula. Wajngarten sugeriu que o presidente petista está "bravateando" e vivendo no passado, ao não ter resultados concretos a apresentar até o momento em sua gestão. “De forma que contraria sua própria fala da semana passada quando criticou as bravatas do Trump, ele, Lula, não consegue sequer criar marca e propósito em sua gestão”, declarou o ex-ministro, alfinetando a atual administração ao destacar a falta de resultados visíveis para o governo de Lula.
Essa crítica de Wajngarten se soma a um cenário político tenso, no qual as diferentes correntes políticas tentam marcar território em um momento em que as eleições de 2026 ainda parecem distantes, mas as discussões sobre o futuro do país se intensificam. As declarações de Lula sobre a entrega da faixa presidencial e sua disposição em respeitar o resultado eleitoral também podem ser vistas como uma tentativa de reforçar a imagem de estabilidade e compromisso com as instituições, em contraste com o comportamento de Bolsonaro durante o processo de transição de poder.
Enquanto isso, o governo de Lula segue focado em implementar suas políticas internas, principalmente aquelas voltadas para a área social e econômica, enquanto a oposição continua a explorar temas como o desempenho da gestão no enfrentamento das crises que o país vem atravessando. O cenário eleitoral de 2026 está longe de ser definido, mas as falas de Lula, juntamente com as críticas da oposição, apontam para um ambiente político polarizado, em que a condução do governo e o legado de Lula serão temas centrais nas discussões futuras.
O desafio para o presidente, daqui até as próximas eleições, será consolidar uma imagem de liderança forte e capaz de cumprir os compromissos assumidos durante a campanha, ao mesmo tempo em que responderá às críticas da oposição sobre o andamento de seu governo. O respeito à democracia e aos resultados das urnas, como enfatizado por Lula, será uma chave importante para a estabilidade política no Brasil nos próximos anos.