Em suas declarações, o deputado federal disse que a nomeação de Gleisi representa a continuidade de uma postura política do governo que, segundo ele, prioriza interesses partidários em detrimento das necessidades da população. Para o parlamentar, a trajetória de Gleisi é marcada por uma série de conflitos políticos, radicalismo ideológico e uma dificuldade notável em construir consensos com outras correntes políticas. Essa análise é reforçada por Zucco, que afirmou que a nomeação de Gleisi mostra que o governo de Lula está mais preocupado em fortalecer alianças partidárias do que em promover um diálogo eficaz com a sociedade e com outras forças políticas.
Zucco ainda fez um comentário provocativo, dizendo que “só falta a Janja na Casa Civil para piorar ainda mais os ministérios”. A referência à esposa do presidente, Janja Lula da Silva, foi uma alfinetada nas escolhas do governo, sugerindo que a nomeação de figuras associadas ao núcleo mais próximo de Lula seria ainda mais prejudicial à já polêmica estrutura ministerial. Para o líder da oposição, a nomeação de Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais é um reflexo de uma estratégia governamental que se afastaria cada vez mais dos interesses da maioria da população e das demandas urgentes do país.
O anúncio da nomeação de Gleisi Hoffmann para a nova função foi feito na sexta-feira (28) pelo Palácio do Planalto. Ela assume o cargo de ministra da Secretaria de Relações Institucionais, um dos postos-chave para a articulação política do governo. A função tem como objetivo promover o diálogo entre o Executivo e o Congresso Nacional, além de aproximar o governo de outros poderes e de diferentes grupos políticos.
A escolha de Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais, no entanto, gerou insatisfação entre aliados do governo, principalmente no Centrão. O grupo político esperava a nomeação de um nome que fosse mais alinhado a eles, a fim de melhorar a interlocução entre o governo e o Congresso. A insatisfação do Centrão foi destacada por reportagens, que apontaram que a escolha de Gleisi foi uma surpresa, já que a presidente do Partido dos Trabalhadores não possui uma trajetória de diálogo fluido com outras correntes políticas, especialmente com o Centrão, que é considerado um bloco pragmático e com interesses mais voltados para a negociação de emendas e recursos.
A nomeação de Gleisi também levantou questionamentos sobre as prioridades do governo de Lula. Para a oposição, a indicação da petista para um cargo estratégico de articulação política reflete uma postura de reforçar a base do Partido dos Trabalhadores, em vez de buscar uma composição mais ampla que favorecesse a governabilidade. A falta de um nome mais conciliador ou com um perfil mais técnico, que pudesse facilitar a relação com o Congresso, tem sido vista como uma falha no esforço do governo para garantir estabilidade e aprovação de propostas importantes.
Além disso, a mudança de Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde também foi motivo de controvérsia. A decisão foi interpretada por alguns como uma forma de fortalecer a relação do governo com a área da saúde, mas, ao mesmo tempo, gerou críticas sobre a falta de novos nomes ou de renovação nas escolhas ministeriais. Para os opositores, a presença de figuras como Gleisi e Padilha em cargos estratégicos reflete uma continuidade de um governo mais voltado para a política interna do PT do que para as necessidades da população.
A oposição, em especial, considera que a forma como o governo tem conduzido a nomeação de ministros e cargos chave tem sido uma demonstração clara da priorização de interesses partidários e da falta de uma articulação política mais ampla, que envolvesse outros grupos com uma visão diferente da do Partido dos Trabalhadores. Esse cenário tem contribuído para aumentar a tensão política e as divisões no cenário governamental, dificultando a construção de consensos necessários para a implementação de políticas públicas que atendam às reais demandas do Brasil.
Em resposta à nomeação de Gleisi Hoffmann, a oposição promete continuar fiscalizando de perto as ações do governo, ressaltando a necessidade de uma gestão mais equilibrada e voltada para os interesses da população em vez da perpetuação de uma agenda política exclusiva de um único partido.