A decisão de Derrite em deixar o PL já foi tomada, mas sua saída ainda não foi comunicada oficialmente. De acordo com a cúpula do PP, a mudança de partido não se resume apenas a uma questão de afinidade ideológica. Embora Derrite tenha se distanciado do PL por considerá-lo "radical", seu ingresso no Progressistas também reflete uma tentativa de se alinhar a uma legenda que ofereça uma perspectiva mais moderada e ampla para sua candidatura futura. A forte relação que Derrite mantém com o presidente estadual do PP, Maurício Neves, também foi um fator determinante nesse processo de transição.
No cenário político de 2026, duas vagas para o Senado estarão em disputa em São Paulo, e o PL já articula a candidatura do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que também é cogitado para uma possível candidatura à Presidência, caso seu pai, Jair Bolsonaro, continue inelegível. No entanto, o PL também conta com nomes como o do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado, que poderia disputar o governo estadual ou até mesmo o cargo de vice-governador, dependendo da decisão de Tarcísio de Freitas.
Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, declarou que a eleição de Derrite para um cargo majoritário é uma das prioridades do partido para as eleições de 2026. Para que isso aconteça, no entanto, seria necessário o apoio de Bolsonaro e também do governador Tarcísio de Freitas. A base política de Tarcísio, no entanto, manifesta ceticismo quanto à viabilidade de Derrite para uma disputa pelo governo paulista. Apesar da visibilidade que Derrite conquistou ao longo da gestão de Tarcísio, muitos consideram que ele possui um perfil político muito focado em uma pauta única – a segurança pública – o que o tornaria um nome com pouca experiência em gestão pública de forma ampla.
Derrite, que começou a ganhar notoriedade como secretário de Segurança Pública, tem enfrentado desafios e desgastes em sua gestão, especialmente após alguns episódios críticos na pasta. A maior crise ocorreu em novembro, quando o assassinato de Antônio Vinícius Gritzbach, no Aeroporto de Guarulhos, gerou grande repercussão. O crime, que aconteceu à luz do dia, envolveu policiais militares e levantou suspeitas de envolvimento da facção criminosa PCC. Após o caso, a relação de Derrite com o governador Tarcísio de Freitas passou por um período de tensão. O governador chegou a pressioná-lo a revisar as estratégias da segurança pública no estado. Como parte dessa pressão, Derrite teve que cancelar uma viagem aos Estados Unidos, marcada para dois dias depois do homicídio. No entanto, foi amplamente divulgado que o secretário participou de uma festa em Maresias, acompanhando membros da cúpula da Polícia Militar, o que gerou críticas e questionamentos sobre sua postura diante da situação.
A tentativa de Derrite de se distanciar de possíveis rótulos de incompetência ou de falta de visão de gestão ampla o levou a tomar a decisão de se afastar do PL, partido com o qual ele se identificava até então. No entanto, sua escolha pelo PP ainda gera questionamentos entre seus aliados e adversários políticos. A mudança é vista como estratégica, buscando não só um novo espaço político, mas também uma maior flexibilidade para sua candidatura em 2026, seja para o Senado ou para o governo paulista, dependendo do desenrolar dos acontecimentos.
A movimentação política de Derrite deve ser acompanhada com atenção, pois sua filiação ao PP pode desencadear uma série de alianças e disputas internas dentro do partido, especialmente no que diz respeito às disputas por cargos majoritários. O cenário eleitoral em 2026 se mostra cada vez mais imprevisível, e os próximos passos de Derrite poderão redefinir suas chances de alcançar um cargo de destaque no governo paulista ou no Senado.