Derrite afirma que combater o crime organizado não é a especialidade do governo Lula

LIGA DAS NOTÍCIAS

 

Em entrevista concedida ao programa Oeste sem Filtro nesta terça-feira, o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, comentou sobre os desafios da segurança pública no Brasil e fez críticas à atuação do governo federal no combate ao crime organizado. Durante a conversa, ele destacou avanços na redução da criminalidade em São Paulo e expressou ceticismo em relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, elaborada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Derrite afirmou que a PEC fere o pacto federativo ao tentar centralizar competências que, segundo ele, pertencem aos estados. “Nenhum governador vai aceitar essa invasão de competências”, declarou o secretário, reforçando que cada unidade da federação possui autonomia para definir suas políticas de segurança. Ele também mencionou que, em sua visão, o governo federal não tem demonstrado especialidade no combate ao crime organizado, uma vez que não adota medidas eficazes para impedir o tráfico de drogas e a atuação de facções criminosas.

Outro ponto levantado por Derrite foi a necessidade de uma política nacional de controle de fronteiras. Segundo ele, um dos principais desafios da segurança pública no Brasil é o fluxo de drogas que entra e sai do país por meio de portos e aeroportos. “Por que não estabelecer uma política de fronteiras para evitar que a droga chegue e saia de portos e aeroportos internacionais?”, questionou. Para o secretário, sem essa ação coordenada, as polícias estaduais enfrentam dificuldades para conter o tráfico e a violência gerada pelo comércio ilegal de entorpecentes.

Além das críticas à atuação do governo federal, Derrite também manifestou preocupação com o atual modelo da legislação penal brasileira, que, em sua visão, favorece a impunidade. Ele mencionou casos concretos em que criminosos reincidentes foram beneficiados por decisões judiciais e puderam retornar às ruas rapidamente. O secretário citou um episódio ocorrido em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, em que um casal de idosos, ambos com 75 anos, foi sequestrado e mantido refém em um cativeiro por uma quadrilha de quatro criminosos. Apesar da gravidade do crime, os suspeitos foram soltos após audiência de custódia. “Saíram pela porta da frente quatro sequestradores de uma audiência de custódia”, relatou Derrite, demonstrando indignação com o desfecho do caso.

O modelo das audiências de custódia tem sido alvo de críticas por parte de setores da segurança pública, que alegam que a soltura rápida de criminosos pode incentivar a reincidência e prejudicar o trabalho policial. Derrite defendeu uma revisão nesse sistema, argumentando que a legislação precisa ser mais rigorosa para garantir que criminosos perigosos permaneçam presos. Ele também enfatizou que a sensação de impunidade afeta diretamente a segurança da população e a moral dos agentes de segurança pública que atuam na linha de frente contra a criminalidade.

O posicionamento do secretário reflete uma preocupação mais ampla com o papel do governo federal na segurança pública e com a relação entre os poderes estaduais e a União nesse tema. Para ele, o combate ao crime organizado exige uma atuação coordenada entre todas as esferas do governo, mas sem que o Executivo federal imponha medidas que enfraqueçam a autonomia dos estados. Derrite defendeu que os estados têm demonstrado maior eficácia no enfrentamento da criminalidade e que políticas de segurança pública devem ser formuladas respeitando as realidades locais.

A entrevista do secretário ocorre em um momento de intensos debates sobre segurança pública no Brasil, com diferentes propostas sendo discutidas tanto no Congresso Nacional quanto nos governos estaduais. Enquanto o governo federal busca avançar com a PEC da Segurança Pública, estados como São Paulo defendem maior autonomia para gerir suas próprias políticas de combate à criminalidade.

A declaração de Derrite sobre a falta de especialidade do governo Lula no combate ao crime organizado reforça a polarização do debate e levanta questionamentos sobre as estratégias adotadas em nível nacional. O tema continua sendo um dos principais desafios do país, com impactos diretos na vida dos cidadãos e na atuação das forças de segurança.


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