Com boné provocativo, base do PL pede “comida barata novamente”

LIGA DAS NOTÍCIAS

O início do ano legislativo no Congresso Nacional foi marcado por uma disputa inusitada entre a base governista e a oposição ao governo do presidente Lula. A polêmica girou em torno do uso de bonés personalizados, que se tornaram instrumentos de provocação entre os parlamentares nesta segunda-feira. A iniciativa começou no último sábado, quando ministros licenciados do governo que possuem mandatos no Congresso apareceram com bonés azuis estampados com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. A ideia teria partido do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Sidônio Palmeira, conhecido marqueteiro da campanha petista. Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, os bonés foram encomendados para reforçar uma mensagem de união e patriotismo.  


De acordo com a assessoria de Padilha, foram confeccionados 100 bonés em diferentes cores, distribuídos entre os parlamentares governistas. A ação gerou repercussão imediata e, na segunda-feira, deputados do PSOL e do PT passaram a usar versões do boné em verde e amarelo, reforçando a identidade nacional na vestimenta. O que poderia ser apenas um gesto simbólico acabou se transformando em um novo capítulo da rivalidade política no Congresso.  


A oposição rapidamente reagiu à provocação e decidiu responder à base governista com um acessório semelhante, mas com um recado bem diferente. O novo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, organizou a fabricação de bonés nas cores verde e amarelo com a frase: “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. A mensagem fazia referência ao discurso recorrente da oposição sobre a alta nos preços dos alimentos, que, segundo os bolsonaristas, teria se intensificado no governo Lula. A ação foi uma resposta direta à iniciativa dos governistas e gerou ainda mais tensão no plenário.  


A disputa simbólica, no entanto, não se limitou aos bonés. Parlamentares oposicionistas decidiram levar ao plenário uma série de objetos para reforçar suas críticas à atual gestão. Um pacote de café contendo a foto de Lula e o texto “Nem picanha, Nem café” foi exibido por deputados do PL, simbolizando a frustração com o aumento dos preços de produtos básicos. Além disso, uma peça de picanha com a imagem de Bolsonaro e os dizeres “Picanha Black” também foi apresentada, em referência à promessa de campanha de Lula sobre a melhoria do poder de compra da população.  


Sóstenes Cavalcante revelou que começou a desenvolver a ideia do boné no domingo e que seu objetivo era dar uma resposta ao marqueteiro Sidônio Palmeira, idealizador dos bonés da base governista. Em uma publicação nas redes sociais, o parlamentar mostrou o momento em que os bonés foram distribuídos dentro do gabinete da liderança do PL. A postagem gerou engajamento imediato entre apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, que viram na ação um símbolo de resistência política.  


Em sua declaração sobre a iniciativa, Sóstenes reforçou o tom de crítica à atual gestão, afirmando que os brasileiros não suportam mais o alto custo dos alimentos. Para ele, a frase estampada nos bonés da oposição sintetiza o desejo da população de voltar a ter preços mais acessíveis e um cenário econômico mais favorável. O parlamentar enfatizou que a mensagem também mira as eleições presidenciais de 2026, quando Bolsonaro poderá ser novamente candidato.  


O embate dentro do plenário reflete a polarização que ainda domina a política brasileira. Para os governistas, o uso dos bonés representa uma demonstração de unidade e defesa das políticas de Lula, enquanto a oposição vê a iniciativa como uma oportunidade para reforçar suas críticas à condução do governo. O episódio evidencia como símbolos e objetos aparentemente simples podem se transformar em instrumentos de disputa política dentro do Congresso Nacional.  


A reação da base governista às provocações da oposição ainda não foi oficializada, mas nos bastidores, aliados de Lula afirmam que a estratégia dos bonés teve o efeito esperado: gerar engajamento e provocar os adversários. A postura do governo, no entanto, deve ser de evitar alimentar a polêmica e manter o foco em pautas prioritárias para o andamento do ano legislativo.  


Enquanto isso, a oposição se mostra determinada a seguir explorando símbolos e mensagens que reforcem sua narrativa contra o governo. O episódio dos bonés pode ser apenas o primeiro de uma série de embates políticos que marcarão o Congresso nos próximos meses. Com o avanço do ano legislativo, é provável que novas estratégias surjam de ambos os lados, consolidando a rivalidade entre governistas e opositores dentro do Parlamento.  


O uso de objetos como forma de provocação política não é novidade no Congresso, mas o episódio recente ilustra como a disputa entre governo e oposição transcende os debates tradicionais e ganha novos formatos. Em um cenário político altamente polarizado, qualquer gesto simbólico pode se transformar em um ato de resistência ou de afirmação ideológica. Com o acirramento das tensões, o plenário da Câmara deve continuar sendo palco de confrontos marcados não apenas por discursos, mas também por gestos carregados de significado político.

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