Ucrânia quer organizar encontro com Trump, diz Zelensky em Davos

Caio Tomahawk

A Ucrânia está se empenhando para organizar uma reunião entre o presidente Volodymyr Zelensky e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação foi revelada por Zelensky nesta terça-feira (21/1), durante sua participação no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. O presidente ucraniano afirmou que as equipes de ambos os países estão trabalhando para viabilizar o encontro e que o processo está em andamento. Esta possível reunião ganha destaque não só pela mudança recente de governo nos Estados Unidos, mas também pelo contexto de tensões geopolíticas, com a guerra na Ucrânia e o crescente envolvimento de Trump em questões internacionais.

A declaração de Zelensky foi feita pouco após um discurso no qual ele pediu maior empenho dos líderes europeus na defesa da segurança do continente. Durante sua fala, o presidente ucraniano enfatizou a necessidade de a Europa fortalecer sua capacidade de se proteger sem depender exclusivamente dos Estados Unidos, especialmente diante de ameaças como uma possível aliança entre Irã e Rússia. Zelensky também abordou a relação da Europa com os Estados Unidos, sugerindo que a influência do continente sobre Washington tem diminuído, pois os EUA consideram insuficiente a contribuição da Europa para a segurança global. Ele questionou se os Estados Unidos temem que a Europa deixe de ser sua aliada, respondendo negativamente a essa pergunta.

Além disso, Zelensky expressou sua preocupação com a postura do novo governo de Donald Trump em relação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O presidente ucraniano perguntou se Trump dará atenção suficiente à Europa, se considera a Otan necessária e se respeitará as instituições europeias, embora tenha reforçado a ideia de que os Estados Unidos são um "aliado indispensável". A relação entre os dois países tem sido um ponto de destaque, pois, antes de sua posse, Trump já havia sugerido que poderia encerrar rapidamente o conflito entre Ucrânia e Rússia, embora não tenha detalhado como isso seria feito.

Em relação à Ucrânia, Zelensky afirmou que o país não aceitará as exigências da Rússia para reduzir drasticamente o tamanho de suas forças armadas. O presidente ucraniano afirmou que Vladimir Putin, presidente da Rússia, pretende reduzir o exército ucraniano a um quinto de seu tamanho atual, mas garantiu que a Ucrânia não permitirá que isso aconteça. Esse posicionamento reflete a firmeza do governo ucraniano em manter sua soberania e capacidade de defesa frente à agressão russa, que já dura quase três anos.

Zelensky também aproveitou a oportunidade no Fórum Econômico Mundial para pedir mais investimentos dos países europeus na tecnologia de drones desenvolvida pela Ucrânia. Desde o início da invasão russa, o país tem se especializado no uso de drones tanto para defesa quanto para ataques, e Zelensky destacou que a tecnologia tem sido um dos principais trunfos da Ucrânia no conflito. A demanda por mais apoio europeu para essa tecnologia, portanto, reflete a busca da Ucrânia por uma maior colaboração internacional em áreas estratégicas.

Enquanto Zelensky falava no Fórum, a atenção estava voltada para a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que aconteceu no dia anterior, 20 de janeiro. A cerimônia de investidura de Trump foi acompanhada de perto por diversos líderes internacionais e teve grande repercussão no Fórum, com debates e especulações sobre o futuro da política externa dos Estados Unidos e suas implicações para o cenário global. O retorno de Trump à presidência é visto com uma mistura de expectativas e apreensões, especialmente pela sua postura imprevisível e suas políticas protecionistas, que foram um tema central de sua campanha eleitoral.

O presidente dos Estados Unidos já havia sido descrito como alguém que poderia ter um impacto decisivo sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia, devido ao seu histórico de declarações controversas e ao seu estilo diplomático direto. Antes de sua posse, Trump afirmou que seria capaz de resolver a guerra na Ucrânia em 24 horas, o que gerou tanto esperança quanto ceticismo sobre a viabilidade dessa promessa. A imprevisibilidade de suas ações é vista como um fator que poderia alterar o curso da guerra e até mesmo o equilíbrio de poder nas relações internacionais.

Em Davos, o clima de incerteza também foi predominante. Muitos participantes do Fórum, como o professor Graham Allison da Universidade Kennedy, expressaram um certo receio em relação ao que esperar de Trump. A imprevisibilidade do presidente norte-americano foi destacada como um ponto de preocupação, especialmente no contexto de sua abordagem às questões globais, como as mudanças climáticas e a segurança internacional. Por outro lado, houve quem demonstrasse otimismo com a volta de Trump ao poder, acreditando que sua postura mais centrada nos interesses norte-americanos poderia resultar em uma política externa mais focada nos resultados concretos.

Enquanto o Fórum Econômico Mundial em Davos se desenrolava, Trump não estava presente fisicamente, mas sua presença era sentida em toda parte. O evento, tradicionalmente voltado para discussões sobre a globalização e a economia mundial, foi dominado pelas especulações sobre o impacto de sua presidência, e as reações ao seu retorno ao poder são, de fato, imprevisíveis. O futuro da Ucrânia, as relações entre Europa e Estados Unidos, e a evolução do conflito com a Rússia dependerão, em grande parte, das ações de Trump e das decisões que ele tomará nos próximos anos.

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